Posts tagged ‘Quaresma 2018’

“A pureza cristã”, tema da V Pregação da Quaresma do pe. Raniero Cantalamessa

Capela Redemptoris Mater, no VaticanoCapela Redemptoris Mater, no Vaticano  (Vatican Media)

“Qual é a situação no mundo de hoje em relação à pureza? A mesma, se não pior, do que era naquele tempo! Nós vivemos em uma sociedade que, em termos de costumes, mergulhou em pleno paganismo e em plena idolatria do sexo”, é uma das passagens da pregação do padre Raniero Cantalamessa ao Papa e à Cúria.

Cidade do Vaticano

O pregador oficial da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, fez na manhã desta sexta-feira (23/03) na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, sua quinta e última pregação da Quaresma.

Partindo do tema “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”, o capuchinho refletiu sobre a “santidade cristã no discurso do apóstolo São Paulo”.

Cantalamessa dividiu sua pregação quaresmal, com base na “pureza cristã”, em quatro pontos: “pureza, beleza e amor ao próximo”, “pureza e renovação” e “puros de coração”.

Comentando o discurso de São Paulo aos Romanos, que diz: “Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz”, o pregador da Casa Pontifícia citou Santo Agostinho, que, nas suas nas Confissões, fala da importância desta passagem para a sua conversão pessoal. De fato, ele já havia quase alcançado a completa adesão à fé, mas tinha medo de não ser capaz de viver casto. Como sabemos, ele vivia com uma mulher sem ser casado.

Ao abrir ao acaso as páginas das Cartas de São Paulo, debateu-se precisamente com a frase que o pregador pontifício propõe para hoje “usar as armas da luz, como vontade de Deus. Assim, uma luz brilhou dentro dele e iluminou suas trevas.

Desta forma, Paulo estabelece uma ligação muito estreita entre pureza e santidade, entre pureza e Espírito Santo.

Mas, em outra Carta, Paulo fala do “fruto do Espírito que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio”, mas também das “obras da carne” ou desordem sexual.

Logo, diante das duas atitudes opostas “virtude e vício”, “pureza e impureza” devemos “revestir-nos do Senhor Jesus Cristo”, pois somos templos do Espírito Santo”. O nosso corpo está destinado à ressurreição e à glorificação de Deus. Na nova luz, que emerge do mistério pascal, o ideal da pureza cristã ocupa um lugar privilegiado: é beleza, caridade, arma da luz, amor ao próximo, serviço aos irmãos.

Segundo as origens cristãs, a Igreja adotou como principais instrumentos o anúncio da Palavra e o testemunho de vida; o amor fraterno e a pureza dos costumes.

Ao concluir sua pregação quaresmal, Frei Cantalamessa fez uma comparação entre as origens cristãs e os nossos dias, em relação à pureza. Vivemos em uma sociedade que, em termos de costumes, está mergulhada no paganismo e na idolatria do sexo. Famílias inteiras são destruídas.

Diante desta situação, o que Deus quer de nós cristãos? Ele nos convida a fazer a “beleza” da vida cristã brilhar novamente diante dos olhos do mundo, a lutar pela pureza. O Espírito Santo nos chama hoje a testemunhar ao mundo a inocência original, a nostalgia da inocência e da simplicidade. Enfim, a “usar as armas da luz”. Jesus dizia: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”. (Tradução de Thácio Siqueira)

25 de março de 2018 at 5:43 Deixe um comentário

Quarta pregação da Quaresma: A obediência a Deus na vida cristã

Pregação de Quaresma Capela Redemptoris Mater non Vaticano

O Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana participaram na manhã de sexta-feira (16/03) da quarta pregação de Quaresma feita pelo Fr. Raniero Cantalamessa. Com o tema: “A obediência a Deus na vida cristã”.

Cidade do Vaticano

Frei Cantalamessa inicia a sua meditação recordando que “Devemos ir à descoberta da obediência ‘essencial’, a partir da qual surgem todas as obediências particulares, inclusive aquela às autoridades civis”. De fato, “há uma obediência que diz respeito a todos – superiores e súditos, religiosos e leigos – , que é a mais importante de todas, que governa e vivifica todas as outras, e esta obediência não é a obediência do homem ao homem, mas a obediência do homem a Deus”. A obediência a Deus é o fio do alto: tudo é construído sobre ela, mas ela não pode ser esquecida nem mesmo após a conclusão da construção”.

Em seguida fala sobre a obediência a Cristo, dizendo que “é relativamente simples descobrir a natureza e a origem da obediência cristã: basta ver com base em qual concepção da obediência Jesus é definido, pela Escritura, ‘o obediente’. A obediência recobre toda a vida de Jesus. A grandeza da obediência de Jesus é medida objetivamente “pelas coisas que sofreu” e subjetivamente pelo amor e pela liberdade com que ele obedeceu”.

Frei Cantalamessa continua falando sobre a obediência como graça, ou seja, o batismo. Porque “pelo batismo, todos os cristãos são ‘votados’ à obediência, fizeram, em certo sentido, ‘voto’. A redescoberta deste dado comum, fundado no batismo, atende uma necessidade vital dos leigos na Igreja.

Devemos recordar sempre – continua Cantalamessa –a obediência como um ‘dever’: a imitação de Cristo.

Jesus aceitou a obediência externa e se sujeitou aos homens, mas, ao fazê-lo assim, não negou, mas realizou a obediência ao Pai. Precisamente isso, de fato, o Pai queria. Obedecer apenas quando o que o superior diz corresponde exatamente às nossas idéias e às nossas escolhas, não é obedecer a Deus, mas a nós mesmos; não é fazer a vontade de Deus, mas a própria vontade.

Finaliza afirmando que a obediência é aberta a todos . A obediência a Deus é a obediência que sempre podemos fazer. Quanto mais alguém obedece, mais as ordens de Deus se multiplicam, porque ele sabe que este é o dom mais lindo que pode fazer, aquele que fez ao seu amado Filho Jesus. Qualquer coisa que eu decida fazer, regulando-me com os critérios comuns de discernimento, será obediência a Deus. É dessa forma que se entregam as rédeas da vida a Deus!

23 de março de 2018 at 5:35 Deixe um comentário

Pregação de Quaresma no Vaticano: “humildade cristã”

Pregação de Quaresma na Capela Redemptoris Mater

Durante o período de Quaresma, o pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, propõe às sextas-feiras uma reflexão ao Papa Francisco e seus colaboradores na Capela Redemtoris Mater.

Cidade do Vaticano
Durante o período de Quaresma, o pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, propõe às sextas-feiras uma reflexão ao Papa Francisco e seus colaboradores na Capela Redemtoris Mater.

O tema da terceira pregação, oferecida na manhã de 09/03, foi ‘a humildade cristã’.

 

“Podemos falar da humildade de diferentes pontos de vista, mas em seu significado mais profundo, a humildade é apenas a de Cristo. É verdadeiramente humilde quem se esforça para ter o coração de Cristo”, iniciou o frade capuchinho.

A humildade como sobriedade

Mencionando o Apóstolo Paulo, o frei afirmou que o ensinamento bíblico tradicional sobre a humildade se expressa através da metáfora do “elevar-se” e do “abaixar-se”, do tender ao alto e do tender ao baixo. A palavra usada por São Paulo para indicar a humildade-verdade é a palavra sobriedade ou sabedoria. Ele exorta os cristãos a não terem uma ideia errada e exagerada de si mesmos, mas sim uma avaliação justa, sóbria, de si, quase podemos dizer objetiva. Com isso, ele diz que o homem é sábio quando é humilde e que é humilde quando é sábio. O Evangelho nos apresenta um modelo insuperável da humildade-verdade, e é Maria.

Humildade e humilhação

Não devemos nos iludir de ter alcançado a humildade apenas porque a Palavra de Deus e o exemplo de Maria nos levaram a descobrir o nosso nada. Há um longo caminho a percorrer para alcançar a verdadeira humildade e a humilde verdade, pois a vaidade é capaz de transformar em ato de orgulho o nosso próprio desejo de tender à humildade.

A humildade não é somente importante para o progresso pessoal no caminho da santidade; também é essencial para o bom funcionamento da vida comunitária, para a construção da Igreja.

A humildade é, na vida espiritual, o grande isolante que permite que a corrente divina da graça passe através de uma pessoa sem dissipar-se, ou, pior, provocar chamas de orgulho e de rivalidade.

 

 

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15 de março de 2018 at 5:35 Deixe um comentário

Quaresma, tempo de renovar nossa relação com Deus

Esmola e caridade: virtudes quaresmaisEsmola e caridade: virtudes quaresmais  (ANSA)
Monge beneditino Dom Ruberval Monteiro reflete sobre o significado da esmola: “Ao abrirmos mão daquilo que não serve, criamos espaços para que as coisas aconteçam”. Ouça.

Cidade do Vaticano

Na semana passada, o Papa Francisco e seus colaboradores mais próximos suspenderam suas atividades e se retiraram em Ariccia, nas proximidades de Roma, para um período de exercícios espirituais. Mas a Quaresma prossegue e muitos de nós estão fazendo retiro ou planejam fazê-lo.

Quem sabe bem disso são os beneditinos. É normal ouvir a brincadeira: “São Bento diz que a vida do monge é uma eterna Quaresma”.

Para compreender o que este tempo nos proporciona, o Vatican News contatou Dom Ruberval Monteiro, professor do Pontifício Ateneu Sant’Anselmo; doutor em teologia oriental e especialista em arte-sacra, iconografia e liturgia.

“Quaresma não é tempo de sofrimento, mas de renovação de nossa relação com Deus”, afirma.

“A esmola nos ‘arranca’ da prisão de carregar fardos pesados, coisas inúteis, que ao invés de nos dar paz e segurança, suscitam o medo de perder. Quando conseguimos abrir mão daquilo que não serve mais, criamos espaços para que coisas novas aconteçam. Criamos uma continuação de nossa vida, participamos do ‘fluxo’ de Deus, que continuamente faz dom de si mesmo”.

“ A esmola nos recorda que somos necessitados. Precisamos de dádivas e de misericórdia: da ajuda, do tempo, da presença e do afeto das pessoas ”

“A esmola nos ‘arranca’ de nós mesmos e de nossa autossuficiência”.

14 de março de 2018 at 5:35 Deixe um comentário

Sétima meditação: “Beber da própria sede”

Exercícios Espirituais propostos ao Papa e à Cúria Romana pelo pregador Pe. José Tolentino

“O grande obstáculo para a vida de Deus dentro de nós não é a fragilidade ou a fraqueza, mas a dureza e a rigidez. Não é a vulnerabilidade e a humilhação, mas seu contrário: o orgulho, a autossuficiência, a autojustificação, o isolamento, a violência, o delírio de poder”, afirma o sacerdote português.

Cidade do Vaticano

“Jamais é positivo que a Igreja fique falando sozinha, ou que se isole numa torre de marfim. Ela é mestra, mas é também discípula, também aprendiz e em busca da verdade.” É uma das afirmações do pregador dos Exercícios Espirituais propostos ao Papa e à Cúria Romana, Pe. José Tolentino Mendonça, na sétima meditação, na tarde desta quarta-feira (21/02), intitulada “Beber da própria sede”. Iniciado no domingo, o Retiro Espiritual de Quaresma, em andamento na Casa Divino Mestre de Ariccia, nas proximidades de Roma, prosseguirá até a próxima sexta-feira.

Sede pode ser mestre precioso da vida interior

Desenvolvida em sete pontos, na introdução à meditação vespertina o sacerdote português advertiu que com grande facilidade nos tornamos custódios do sagrado, ao invés de pessoas em busca do sagrado. Agimos como administradores, ao invés de considerar-nos exploradores, interrogantes e apaixonados.

Fé cristã, experiência de nomadismo

Feita tal consideração, lembrou que a fé bíblica, a nossa fé cristã, é uma experiência de nomadismo. Alguns cientistas estão lançando o alarme: a doença do Séc. XXI será o sedentarismo, afirmou, questionando se não devemos nos perguntar se o sedentarismo não é também espiritual. Quase sem dar-nos conta, tornamo-nos guias de peregrinos, mas não mais peregrinamos.

“ Temos sempre a caridade na boca, mas de há muito perdemos o sentido da gratuidade e da oblação.”

Aquela palavra inicial que Deus diz a Abraão – “Deixa a tua terra, a tua parentela e a casa de teu pai rumo à terra que te indicarei” – é a mesma que Ele diz à Igreja do nosso tempo e a cada um de nós. “O lugar preferencial em que a fé se inscreve é existir-em-construção”, disse o pregador dos Exercícios.

Segundo Pe. José Tolentino, para que isso seja possível devemos aprender a beber da nossa sede. Isto é, “devemos ousar valorizá-la mais espiritualmente”.

Acolher no vazio a voz de Deus

Uma das ameaças que mais desafiou o Povo de Deus em sua caminhada rumo à Terra Prometida foi precisamente a sede, lembrou ele. Mesmo quando experimentamos a vida como um vazio, acrescentou, o grande desafio é acolher nele a voz de Deus.

A fé não resolve a sede, advertiu. Muitas vezes a intensifica, a leva ao descoberto e, em algumas circunstâncias, a torna ainda mais dramática.

“ A fé nos ajuda a ver na sede uma forma de caminho e de oração.”

Em nenhuma etapa o caminho espiritual nos impermeabiliza da vulnerabilidade, da qual devemos ter consciência. Carregamos nosso tesouro em vasos de argila – nos recorda São Paulo, frisou Pe. José Tolentino. Somos por isso chamados a viver o dom de Deus até o fim, na fragilidade, da fraqueza, na tentação e na sede, afirmou.

Os problemas que vivemos podem variar de gênero, podem mudar de frequência, mas nos acompanharão sempre. As tentações existirão sempre. O que muda, num processo de maturação humana e espiritual, é o nosso modo de acolhê-las, a sabedoria ao interpretá-las, a liberdade interior que desfaz os determinismos. É como se a sede nos humanizasse e constituísse um caminho de amadurecimento espiritual, disse ainda.

Na sede, a verdadeira experiência espiritual

O pregador dos Exercícios Espirituais lembrou ainda que o Apóstolo Paulo testemunha a fé como uma hipótese: quando sou fraco, então é que sou forte. A fé resiste e se aprofunda nas necessidades, nas angústias, nas afrontas, nos sofrimentos, ou seja, dentro de uma existência atacada pela sede. Naturalmente, é um paradoxo, afirmou, “mas é aí que se realiza a verdadeira experiência espiritual.

O grande obstáculo para a vida de Deus dentro de nós não é a fragilidade ou a fraqueza, mas a dureza e a rigidez. Não é a vulnerabilidade e a humilhação, mas seu contrário: o orgulho, a autossuficiência, a autojustificação, o isolamento, a violência, o delírio de poder. A força da qual realmente precisamos, a graça de que necessitamos, não é nossa, mas de Cristo, afirmou Pe. José Tolentino acrescentando que se nos dispormos à escuta, “a sede  pode ser um mestre precioso da vida interior.”

8 de março de 2018 at 5:50 Deixe um comentário

Sexta meditação: “A sede de lágrimas que devemos aprender”

Retiro do Papa vai até sábado (24/02)

O sacerdote Tolentino Mendonça continuou a série de pregações ao Papa e seus colaboradores. “As lágrimas podem nos tornar santos, depois de humanos”, afirmou.

Cidade do Vaticano

Na localidade de Ariccia, ao sul de Roma, o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria prosseguem os exercícios espirituais até sábado (24/02). Na manhã desta quarta-feira (21/02), o pregador, Pe. Tolentino Mendonça, propôs uma meditação intitulada “As lágrimas que falam de uma sede”, inspirada na presença feminina no Evangelho.

As mulheres nos abrem o Evangelho

Padre Tolentino ressaltou que as mulheres, na narração evangélica, se expressam quase sempre com gestos. Dedicam-se ao serviço, não competem pela liderança; estão ‘com’ Jesus e fazem de seu destino o próprio. ‘Servem’, que na gramática de Jesus, é o verbo mais nobre.

“ Com esta linguagem, evangelizam com o modo dos periféricos, dos simples, dos últimos ”

Uma espécie de sede

Curiosamente, no Evangelho de Lucas, um dos elementos que une as personagens femininas são as lágrimas: todas choram, expressando emoções, conflitos, alegrias, solidão ou feridas. Nos Evangelhos, Cristo também chora, assumindo a nossa condição e todas as lágrimas do mundo. Elas explicam a nossa sede de vida, de desejo; de relação. São a linha divisória que distingue os seres que sabem tudo dos seres que não sabem nada. São aquilo que pode nos tornar santos depois de humanos.

O Evangelho de Lucas apresenta uma mulher que chora e ensina a chorar: uma intrusa, discípula anônima que segue o Mestre confiante que Ele a protegerá. Aparece sem ser convidada, unge e chora aos pés de Jesus. Não teve medo, mas suas lágrimas ‘contavam sua história’, como afirma o escritor Roland Barthes. Nosso choro não revela apenas a intensidade da nossa dor, mas a natureza de nossa sensibilidade pois chorando, nos dirigimos sempre a alguém. É a sede do próximo que nos leva a chorar.

“ As lágrimas suplicam a presença de um amigo capaz de acolher nossa intimidade sem palavras e abraçar a nossa vida, sem julgar ”

Vê esta mulher?

Prosseguindo a meditação, Pe. Tolentino afirmou que o pranto da mulher intrusa era um ‘dilúvio’: ela banhou os pés de Jesus, os enxugou com os cabelos, os beijou e perfumou”. Em uma palavra, ‘tocou’ Jesus.

“ Como sacerdotes, muitas vezes tomamos distância da religiosidade popular que se expressa com lágrimas e afetividade, considerando-a uma forma de devoção ‘primitiva’; ou às vezes nem a notamos ”

“É difícil perceber a religião dos simples, baseada em gestos e não em ideias. A religião dos pastores pode ser perfeita em termos formais, teologicamente impecável, mas é ascética, impessoal, atuada com eficiência… mas não comove, não chega às lágrimas… vai com o ‘piloto automático’”.

“Repete-se conosco – concluiu o pregador – o que aconteceu com o fariseu: convidamos Jesus a entrar em nossa casa, mas não somos disponíveis a celebrar com Ele aquela forma radical de hospitalidade que é o amor”.

6 de março de 2018 at 5:47 Deixe um comentário

Quinta meditação: “A sede de Jesus”

Papa Francisco durante exercícios espirituais, em Ariccia

A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana prosseguem os exercícios espirituais na Casa Divino Mestre, em Ariccia.

“A sede de Jesus” foi o tema proposto na quinta meditação pelo pregador do retiro, Pe. José Tolentino de Mendonça, na tarde desta terça-feira (20/02).

O sacerdote português iniciou a meditação com um trecho do Evangelho de João em que Jesus, após ter sido pregado na cruz, diz: “Tenho sede.”

Os Padres da Igreja interpretaram essa sede de Jesus sobretudo como “sede corporal”, não dando muito valor ao sentido  metafórico contido nessa declaração.

“A sede física documentava de forma convincente que Jesus era de carne e osso como toda pessoa”, mas tinha sede “da salvação dos homens”.

A sede da samaritana e a sede de Jesus

No encontro com a samaritana, Jesus pede água, mas é ele quem dá de beber e promete-lhe a “água viva”. A samaritana não entende imediatamente as palavras de Jesus, “as interpreta como sede física, mas desde o início Jesus dava um sentido espiritual”.  

“O seu desejo sempre visava outra sede”, conforme explicou à samaritana: «Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.»

Segundo Pe. Tolentino, “a sede Jesus parece se extinguir somente quando ele se proclama fonte de água viva e abre à promessa do dom do Espírito”.

“A sede é o selo do cumprimento de sua obra e, ao mesmo tempo, do forte desejo de doar o Espírito, verdadeira água viva capaz de saciar radicalmente a sede do coração humano.”

O pregador do retiro explicou que a sede da qual Jesus fala é uma sede existencial que se extingue, quando a nossa vida se converge em direção ao Senhor.

“Ter sede, é ter sede Dele. Somos chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para buscar em Cristo aquela água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”.

“A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. Para os fiéis, a sede de água viva é a sede de aprofundamento da fé, sede de penetrar no mistério de Jesus, sede do Espírito. Para Jesus, a sede é o desejo de comunicar todos esses dons.”

A sede de Jesus revela a sede humana

Segundo Pe. Tolentino, “a sede de Jesus ilumina e responde à sede de Deus à falta de sentido e verdade, ao desejo de todo ser humano de ser salvo, mesmo que seja um desejo oculto ou enterrado debaixo dos detritos existenciais”.

O “Tenho sede”, proclamado por Jesus, envolve a Igreja de todos os tempos, em particular a nossa.

A esse propósito, o sacerdote português citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, que em 10 de setembro de 1946, a bordo de um trem que ligava Siliguri a Darjeeling, na Índia, viveu uma forte experiência espiritual: “de forma quase física sentiu a sede de Jesus que a chamava a dar a vida a serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos dos últimos. O coração e a alma das Missionárias da Caridade é somente este: a sede do coração de Jesus escondido no pobre.”

Acolher o Espírito, dom da sede

O Espírito continua nos fazendo ouvir a voz de Jesus que nos diz: “Tenho sede!”

“Ele é o dinamismo do Ressuscitado em nós. O Espírito é a continuação dessa história, uma continuação que não é repetida, não é sempre a mesma. É a fantasia do Espírito, a sua criatividade que difunde em nós dons diferentes, carismas diferentes, competências complementares a fim de construirmos o Reino de Deus onde quer que estejamos.”

O Espírito “é a força motriz da vida da Igreja e da vida de todo cristão. Por isso, precisamos do Espírito Santo e devemos redescobrir a fé em seu poder. Muitas vezes o Espírito Santo permanece completamente esquecido. Devemos redescobrir o Espírito Santo, porque sem Ele a Igreja é somente memória, o que fazemos é somente uma recordação do que foi. É o Espírito que diz: o cristianismo é também presente e futuro”, disse Pe. Tolentino.

“Somos chamados a viver na esperança toda situação da vida. Às vezes, somos uma Igreja em que falta a vivacidade do Espírito, a juventude do Espírito. É o Espírito que nos dá o sentido de plenitude, o sentido da missão e que nos torna uma Igreja em saída.”

3 de março de 2018 at 5:45 Deixe um comentário

Quarta meditação: “A sede de nada que faz adoecer”

Casa Divino Mestre, Ariccia

Nesta terça-feira (20/02), o pregador dos exercícios espirituais, Pe. José Tolentino Mendonça, refletiu sobre o contrário da sede: a preguiça – a ‘atonia’ da alma – e seus efeitos.

Cidade do Vaticano

Prosseguem na Casa Divino Mestre, em Ariccia, os exercícios espirituais do Papa Francisco e de seus colaboradores da Cúria. Na manhã desta terça-feira (20/02), o pregador do retiro, Pe. José Tolentino Mendonça, propôs uma meditação intitulada “Esta sede de nada que nos faz adoecer”.

O contrário da sede é a preguiça – disse o sacerdote. Quando perdemos a curiosidade e nos fechamos ao inédito ficamos apáticos e começamos a ver a vida com indiferença. Por sua vez, a sede nos ensina a arte de procurar, de aprender, colaborar, a paixão de servir.

“ Quando renunciamos à sede, começamos a morrer ”

Existem muitos sofrimentos escondidos cujas origens devemos descobrir e que segundo o pregador, se escondem no mistério da solidão humana.

Quando nos sentimos em ‘burnout’

Um dos problemas mais comuns hoje é o chamado ‘burnout’: sentir-se em curto-circuito, esvaziado de energias físicas e mentais. Este esgotamento emocional é definido por alguns como ‘síndrome do bom samaritano desiludido’ e atinge muitas pessoas que fazem da ajuda e da cura do próximo sua ocupação principal. Como os sacerdotes.

Pe. Tolentino mencionou uma pesquisa realizada entre o clero da Diocese de Pádua (Itália), que apontou que os sacerdotes com maior risco de burnout são os jovens (25-29 anos) e os mais idosos, com mais de 70 anos. Dentre as causas deste mal-estar, estão o peso excessivo das expectativas (pessoais e dos outros), a ausência de uma vida espiritual, o temor do juízo, a exposição demasiada a situações humanas difíceis, pouca solidariedade entre os sacerdotes, incapacidade de se comunicar…

Quando nos sentimos amados como pessoas, amparados com afeto e acompanhamento, sabendo que nosso trabalho interessa, envolve e apaixona, temos a certeza de existir. Mas quando nos sentimos abandonados, incompreendidos e com o coração ferido por dores que não sabemos curar, temos a impressão de não contar nada para ninguém.

“ Fica só um vazio, uma ‘cratera’ existencial a ser preenchida com angústias e mundanidades: álcool, redes sociais, consumismo ou hiperatividade ”

A este respeito, o padre lembrou que somos todos diferentes, cada um com sua beleza e fragilidades. A beleza humana é aceitar-se como somos; não viver nos sonhos ou ilusões, na raiva e na tristeza. Ter o direito de ser o que somos… e seremos amados por Deus e preciosos a seus olhos.

Jonas ou a necessária terapia do desejo

Recorrer à terapia do humor para satisfazer o desejo: o livro bíblico de Jonas nos faz sorrir salutarmente de nós mesmos, ao invés de dramatizar. Ele nos diz que a sabedoria está nos anunciadores de esperança e não nos apocalíticos pregadores de tragédias.

A anatomia da tristeza

‘Um dos sinônimos da preguiça, a ‘atonia’ da alma, é a tristeza’, afirmou o pregador.

“ Nem sempre o problema é o excesso de atividade, mas atividades mal vividas, sem motivação adequada, sem a espiritualidade que a torna desejável ”

Em relação à pastoral, a preguiça pode ter diferentes origens: insistir em projetos irrealizáveis; não aceitar a evolução dos processos; perder o contato real com as pessoas, não saber esperar, querer dominar o ritmo da vida… A ansiedade de obter resultados imediatos… a sensação de fracasso, de ser criticado, de cruz.

Aprendam de mim: ‘vem’

Pe. Tolentino concluiu sua meditação relacionando a nossa sede ‘de água’ com a palavra que revela a necessidade profunda, íntima e dolorosa ‘vem’, que a Igreja experimenta com a chegada no Espírito. Nesta palavra está o sinal de tudo o que precisamos, a razão de nossa esperança e ao mesmo tempo, a razão de nosso fracasso, cansaço… e a necessidade de superar tudo isso em Deus.

1 de março de 2018 at 5:43 Deixe um comentário

3ª meditação: escutar a própria sede é interpretar o desejo que temos em nós

Exercícios Espirituais da Quaresma propostos ao Papa e à Cúria Romana

Nós batizados formamos uma comunidade de desejosos? Os cristãos têm sonhos? A Igreja é um laboratório do Espírito onde nossos filhos e filhas profetizam, nossos anciãos têm sonhos e nossos jovens constroem novas visões, não somente religiosas? – pergunta o pregador, Pe. José Tolentino.

Cidade do Vaticano

“Há em nossas culturas e, ao mesmo tempo, em nossas Igrejas, um déficit de desejo. Quando se percebe, no momento atual, o emergir, e em escala cada vez maior, de sujeitos sem desejo, isso deve levar-nos a uma autocrítica eclesial.” É uma constatação e uma das afirmações candentes contidas na meditação vespertina do pregador dos Exercícios Espirituais, Pe. José Tolentino de Mendonça, propostos ao Papa e à Cúria Romana em Ariccia, nas proximidades de Roma, cujo Retiro Espiritual de Quaresma prosseguirá até o próximo sábado. Tratou-se da terceira meditação, após a primeira da tarde de domingo e a seguinte da manhã desta segunda-feira (19/02).

O infinito do desejo é desejo de infinito

Intitulada “Dei-me conta de ser sedento”, a meditação da tarde desta segunda-feira articulou-se em quatro pontos, concluindo-se com a “oração da sede”.

Perder o medo de reconhecer nossa sede

O pregador partiu de quatro verbos – irrigar, fecundar, germinar – para falar inicialmente de um processo de revitalização do terreno qual metáfora da nossa vida. Tendo advertido que a transformação não se dá se impermeabilizamos a vida em sua crosta, afirmou que devemos perder o medo de reconhecer a nossa sede e o nosso ser sedento.

Na meteorologia se usa uma tabela, o Índice de Palmer, para medir a intensidade da seca em seus vários estágios, afirmou. E a intensidade da seca espiritual, como se mede? – perguntou-se o pregador dos Exercícios.

“Intelectualizamos demasiadamente a fé. Construímos um fenomenal castelo de abstrações”, observou. “Preocupamo-nos mais com a credibilidade racional da experiência de fé do que com a sua credibilidade existencial, antropológica e afetiva”, constatou.

“ Ocupamo-nos mais da razão do que do sentimento. Deixamos para trás a riqueza do nosso mundo emocional. ”

Feitas tais constatações, citou o teólogo canadense Bernard Lonergan, que evocava a necessidade de olhar mais, na construção doutrinal, para o significado das nossas emoções. Em suas considerações sobre o estado da nossa sede recorreu à literatura, que nos é de auxílio, ressaltou.

Escritores e poetas são importantes mestres espirituais

Em  nossos dias assistimos cada vez mais a utilização da literatura ao fazer teologia, afirmou, acrescentando que hoje estamos compreendendo melhor que os escritores e os poetas são mestres espirituais importantes. Após destacar que as obras literárias podem ser de grande utilidade em nosso caminho de maturação interior, frisou que uma das razões fundamentais é que “a vida espiritual progride somente quando é uma revisitação da existência em sua totalidade, em sua diversidade.

Para tal citou, entre outros, a escritora brasileira Clarice Lispector, a qual, com a força de uma declaração autobiográfica, narra a tomada de consciência da intensidade de sua sede.

Falar de sede é falar da existência real e não da ficção de nós mesmos à qual muitas vezes nos adequamos. E iluminar uma experiência, mais que um conceito, acrescentou Pe. José Tolentino, advertindo em seguida para a dificuldade que podemos ter até mesmo de reconhecer o nosso ser sedento.

Desejo da verdade, beleza e bondade

Escutar a própria sede é interpretar o desejo existente em nós. Desejo incessante da verdade, da beleza e da bondade que faltam. O pregador dos Exercícios Espirituais propostos ao Papa e à Cúria Romana advertiu ainda que devemos distinguir o desejo de uma mera necessidade, que se aplaca e se satisfaz com a posse de um objeto. Não confundamos desejo com as necessidades. A necessidade é uma carência contingente do sujeito. O infinito do desejo é desejo de infinito.

Citou a revisitação ao “discurso platônico do desejo em chave mística” feita por Simone Weil, para quem, não é o nosso desejo que alcança Deus: “se permanecemos sedentos e desejosos, é Deus mesmo que desce em nossa humanidade para preencher o nosso desejo de plenitude”.

Enquanto desejamos objetos, quaisquer que sejam; enquanto deixamos que a nos mover seja a busca das coisas, carreiras, títulos, honorificências, nosso desejar não é ainda um verdadeiro desejar.

“ O desejo genuíno tem início quando ele se formula, nem mais nem menos, como pura abertura ao outro. ”

Hoje se torna cada vez mais claro que as sociedades capitalistas, organizadas em torno do consumo, que exploram avidamente as compulsões de satisfação de necessidades induzidas pela publicidade, estão na prática removendo a sede e o desejo tipicamente humanos, fazendo com que a vida perca seu horizonte, afirmou taxativamente Pe. José Tolentino.

Voltando seu olhar para a vida da Igreja, tais constatações serviram para o pregador dos Exercícios Espirituais propor as seguintes interpelações:

“Nós batizados formamos uma comunidade de desejosos? Os cristãos têm sonhos? A Igreja é um laboratório do Espírito onde, como no oráculo de Joel (3,1), nossos filhos e filhas profetizam, nossos anciãos têm sonhos e nossos jovens constroem novas visões, não somente religiosas, mas também novas compreensões culturais, econômicas, científicas e sociais?”

Questões mais contundentes

Tais interrogações foram propedêuticas a algumas questões mais contundentes: A Igreja tem fome e sede de justiça (Mt 5,6)? Os cristãos esperam realmente, segundo a promessa, “novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça” (2Pd 3,13)?

Sede de Deus

No último ponto da meditação vespertina desta segunda-feira, no qual tratou da sede de Deus, o sacerdote português frisou que “talvez nós cristãos, e em particular nós pastores, devemos valorizar mais a espiritualidade da sede, mais que as estruturas”. “Nós cristãos e em particular nós pastores”, prosseguiu, “devemos melhor reconciliar-nos com nossa vulnerabilidade”.

Por fim, destacou que o “Papa Francisco nos recorda que uma das piores tentações é a autossuficiência e a autorreferência”. Abraçar a própria vulnerabilidade é aceder ao desejo de ser reconhecidos e tocados por Jesus.

Oração da sede

“Ensina-me, Senhor, a beber da mesma sede de Ti,

como quem se alimenta mesmo na penumbra

do frescor da fonte”…

“Que esta sede se faça mapa e viagem

palavra acesa e gesto que prepara

a mesa sobre a qual se partilha o dom.”

“E quando darei de beber a Teus filhos seja

não porque possuo a água

mas porque como eles sei o que é a sede”.

27 de fevereiro de 2018 at 5:34 Deixe um comentário

Segunda meditação da Quaresma: “A ciência da sede”

Papa em retiro quaresmal

Na Casa “Divino Mestre” de Ariccia, Papa Francisco e seus colaboradores participam dos Exercícios Espirituais de autoria do sacerdote português José Tolentino de Mendonça e intitulados “Aprendizes do estupor”.

Cidade do Vaticano –

Durante toda esta semana, o Papa Francisco se encontra em Ariccia, nas proximidades de Roma, para os Exercícios Espirituais de Quaresma. Até o próximo domingo (25/02), estão suspensas todas as audiências públicas do Santo Padre, inclusive a Audiência Geral de quarta-feira, e as homilias na Casa Santa Marta.

Na manhã de segunda-feira, após as orações, o Pontífice e os colaboradores prosseguiram o retiro iniciado no domingo. Este ano, pela primeira vez, o pregador vem de Portugal.

A segunda meditação proposta pelo Pe. José Tolentino de Mendonça ao Papa e aos seus colaboradores foi dedicada ao tema “A ciência da sede”.

O tema foi inspirado na última frase pronunciada por Jesus no livro do Apocalipse (Ap 22, 17), “Quem tem sede, venha”.

O sacerdote português alternou citações bíblicas a obras de teólogos, escritores, poetas e dramaturgos como Milan Kundera, Padre Henri de Lubac, Emily Dickinson, Eugène Ionesco, Saint-Exupéry.

No trecho do Apocalipse, as palavras usadas são “quem tem sede”, “quem quiser” – expressões que se referem a nós, afirmou Pe. Tolentino. “Estamos tão próximos da fonte e vamos para tão longe, perdidos em desertos, em busca da torrente que nos mate a sede e ignorando assim ‘o dom que Deus tem para nos dar’.”

A dor da nossa sede

Não é fácil reconhecer que sentimos sede, prosseguiu o sacerdote, “porque a sede é uma dor que se descobre pouco a pouco dentro de nós”, por trás das nossas habituais narrações defensivas ou idealizadas.

Há uma violência no mundo e em nós mesmos que vem da sede, do medo da sede, do pânico de não ter as condições de sobrevivência garantidas. “Nós nos revoltamos uns contra os outros. A dor da nossa sede é a dor da vulnerabilidade extrema, quando os nossos limites nos comprimem.”

O sacerdote português citou o consumismo dos centros comerciais, mas ressaltou que não devemos nos esquecer que existe também um consumismo na vida espiritual. As sociedades que impõem o consumo como critério de felicidade transformam o desejo numa armadilha.

O objeto do nosso desejo é uma entidade ausente, um objeto inesgotável. O Senhor, porém, não cessa de nos dizer: «Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da água da vida».

O caminho da nossa sede

Para o Pe. Tolentino, existem muitos modos de enganar as necessidades que nos dão vida e adotar uma atitude de evasão espiritual sem jamais, porém, se conscientizar de que estamos em fuga.

Também aqui, como em outros âmbitos da vida, afimou, a verdadeira conversão não consistirá em belas teorias, mas em decisões que resultem de uma efetiva conscientização das nossas necessidades.

Nem que fosse um único copo de água

O trecho do Apocalipse volta ao final da medtiação. «Quem tiver sede, venha …» Certamente não bebemos para matar a sede. Jesus sabe que um simples copo de água que damos ou recebemos não é algo banal. É um gesto que dialoga com dimensões profundas da existência, porque vai ao encontro daquela sede que está presente em todo ser humano, e é sede de relação, de aceitação e de amor.

“Carregamos conosco tantas sedes. A sede é um patrimônio biográfico que somos chamados a reconhecer e do qual somos gratos. Depositemos em Deus a nossa sede.”

26 de fevereiro de 2018 at 5:31 Deixe um comentário

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