Archive for maio, 2021

«Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente»

Magnificat

Maria, minha Mãe, a festa de hoje é uma festa vossa e uma festa de Jesus; pois, tal como a festa da Purificação, que é sobretudo a Apresentação de Jesus, também a festa da Visitação é uma das vossas festas mais belas, mas é, acima de tudo, uma festa de Nosso Senhor, pois é Ele que age em vós e através de vós. A Visitação é «o amor de Cristo [que] nos urge» (2Cor 5,14), é Jesus que, mal entrou em vós, teve sede de fazer outros santos e felizes. Pela Anunciação, Ele manifestou-Se e deu-Se a vós, santificando-vos maravilhosamente; mas não Lhe bastou: no seu amor pelos homens, quis de imediato manifestar-Se e dar-Se, através de vós, a outros, quis santificar outros e por isso fez que O transportásseis a casa de São João Batista. […] O que a Virgem santa vai fazer na Visitação não é uma visita a sua prima para se consolarem e se edificarem mutuamente pela narrativa das maravilhas que Deus fez nelas; menos ainda é uma visita de caridade material para a ajudar nos últimos meses da gravidez e no parto. É muito mais do que isso: ela vai santificar São João, vai anunciar-lhe a Boa Nova […], não através de palavras suas, mas levando-lhe o silêncio de Jesus. […] O mesmo fazem as religiosas e os religiosos que se entregam à contemplação nos países de missão. […] Ó minha Mãe, fazei com que sejamos fiéis à nossa missão, a esta bela missão que recebemos: que levemos fielmente a essas pobres almas, que estão mergulhadas «nas sombras da morte» (Lc 1,79), o divino Jesus.

Beato Charles de Foucauld

31 de maio de 2021 at 5:39 Deixe um comentário

Décimo Domingo do Tempo Comum – São Marcos 3, 20-35 – Dia 06 de junho de 2021

Motivação vinda de Deus": * Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,  20-35 ...

“20.Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que nem podiam tomar alimento. 21.Quando os seus o souberam, saí­ram para o reter; pois diziam: “Ele está fora de si”. 22.Também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: “Ele está possuído de Beelzebul: é pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios”.* 23.Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: “Como pode Satanás expulsar a Satanás? 24.Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar. 25.E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer. 26.E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas desaparecerá. 27.Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os bens, se antes não o prender; e então saqueará sua casa.” 28.Em verdade vos digo: “Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; 29.mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno”.* 30.Jesus falava assim porque tinham dito: “Ele tem um espírito imundo”. (= Mt 12,46-50 = Lc 8,19ss) 31.Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo.* 32.Ora, a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram”. 33.Ele respondeu-lhes: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”. 34.E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele, disse: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 35.Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. (= Mt 13,1-23 = Lc 8,4-15)”
Bíblia Católica Online

“Formando a grande família de Jesus, somos convidados a celebrar a Eucaristia. Sustentados por ela, renovamos nossa fé, resistimos ao que é enganoso e caminhamos com os pés no chão e o olhar voltado para as realidades do céu. Depositemos no Senhor nossa confiança, pois ele é a fonte de todo bem e nele se encontram a graça e a salvação”. (Liturgia Diária)

O Padre Guido Mottinelli disse que “Jesus dá uma aula quando ensina que “todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias, mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno”. Jesus deixa bem claro que por mais grave que seja o pecado do homem, será sempre inferior à misericórdia de Deus. Pecar contra o Espírito Santo, porém, significa por um limite a Deus, que, pelo contrário, não tem limites, mas é misericordioso a ponto de aguardar até o último instante de nossa vida para um “retorno” à graça divina”.

D. Henrique Soares da Costa disse assim: “Se chamaram Beelzebu ao chefe da casa, quanto mais chamarão assim seus familiares” (Mt 10,24s). Estamos vivendo hoje, neste início de terceiro milênio, a verdade dessas palavras de Jesus. Basta que recordemos as terríveis censuras à Igreja por suas posições o campo da moral sexual e da bioética. Num mundo que não aceita mais Deus e a religião – a não ser no âmbito da vida privada, sem nenhuma importância para a sociedade, anunciar o Cristo e suas exigências virou um crime insuportável para a sociedade neo-pagã! E, no entanto, a ordem que o Senhor nos dá é clara: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” 

O Papa Francisco explicou: «Aí estão Minha mãe e Meus irmãos. Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe» (vv. 33-34). Jesus formou uma nova família, já não baseada nos vínculos de sangue, mas na fé n’Ele, no seu amor que nos acolhe e nos une, no Espírito Santo. Todos aqueles que acolherem a palavra de Jesus são filhos de Deus e irmãos entre si. Acolher a palavra de Jesus torna-nos irmãos entre nós, faz de nós a família de Jesus. Falar mal dos outros, destruir a fama dos outros, torna-nos a família do diabo”.

Conclusão: (Do Papa Francisco)

“O Evangelho deste domingo (cf. Mc 3, 20-35) mostra-nos dois tipos de incompreensão que Jesus teve que enfrentar: a dos escribas e a dos seus próprios familiares”.

Oração: (D. Henrique Soares da Costa)

“Caríssimos, vivamos com coerência, com coragem, com amor a nossa fé! Não tenhamos medo, não desanimemos, não vivamos como os que não conhecem a Cristo! Não nos fechemos em nós mesmos! De esperança em esperança, vivamos e anunciemos o Senhor, certos de sua presença e de seu amor. Ele jamais nos deixará! A ele a glória para sempre. Amém”.

Jane Amábile – Com. Divino Espírito Santo

31 de maio de 2021 at 5:18 Deixe um comentário

Papa em apelo ao meio ambiente: Deus deu um jardim, não deixemos um deserto aos filhos

BRAZIL-ENVIRONMENT/WILDFIRES

Em mensagem em vídeo de lançamento da Plataforma de Ação Laudato si’, Francisco renova o apelo à humanidade para agir em prol de uma ecologia integral em favor da natureza e do homem na sua totalidade porque “o egoísmo, a indiferença e os estilos irresponsáveis estão ameaçando o futuro dos jovens”. Existe esperança, insiste o Papa, para “preparar um amanhã melhor para todos. Das mãos de Deus recebemos um jardim; aos nossos filhos não podemos deixar um deserto”.

Andressa Collet – Vatican NewsOuça a reportagem com a voz do Papa e compartilheLEIA TAMBÉM23/05/2021

Papa anuncia o lançamento da “Plataforma Laudato si'”

Durante o encerramento do Ano Especial do quinto aniversário da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, uma Plataforma de Ação que vai guiar as iniciativas por uma ecologia integral foi apresentada nesta terça-feira (25) em coletiva de imprensa no Vaticano com o lançamento oficial feito pelo próprio Pontífice. Através de uma mensagem em vídeo, o agradecimento especial do Papa ao Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral que organizou o Ano Laudato si’ e a todos que aderiram à proposta por “uma missão de reconstruir a nossa casa comum”.

A Plataforma de Ação Laudato si’

LEIA TAMBÉM25/05/2021

Um caminho de ecologia integral em todos os níveis da sociedade

Assim, Francisco anunciou que o projeto vai se estender pelos próximos 7 anos com a Plataforma de Ação (Laudato si’ Action Platform) que pretende envolver 7 diferentes realidades para que as comunidades se tornem “totalmente sustentáveis, no espírito da ecologia integral”: famílias; paróquias e dioceses; escolas e universidades; hospitais; empresas comerciais e agrícolas; organizações, grupos e movimentos; e institutos religiosos.

Uma jornada que será guiada pelos 7 objetivos da Laudato si’ para responder ao grito da Terra e ao grito dos pobres, por uma economia ecológica, através da adoção de um estilo de vida simples, por uma educação e espiritualidade ecológicas, além do engajamento comunitário. “Trabalhar juntos”, destaca o Papa no vídeo, para “criar o futuro que desejamos: um mundo mais inclusivo, fraterno, pacífico e sustentável”.

“Há esperança. Todos podemos colaborar, cada um com a própria cultura e experiência, cada um com as próprias iniciativas e capacidades, para que a nossa mãe Terra retorne à sua beleza original e a criação volte a brilhar novamente segundo o plano de Deus.”

O cuidado com a casa comum

O Papa, então, renova o convite para que todos cuidem da “nossa casa comum”, sobretudo com as consequências impostas pela pandemia de Covid-19 que amplificou o grito da natureza e o dos pobres, enaltecendo que “tudo está interligado e é interdependente e que a nossa saúde não está separada da saúde do meio ambiente em que vivemos”:

“Há muito tempo esta casa que nos hospeda sofre com feridas que causamos por causa de uma atitude predatória, que nos faz sentir como soberanos do planeta e dos seus recursos e nos autoriza a um uso irresponsável dos bens que Deus nos deu. Hoje, essas feridas se manifestam dramaticamente em uma crise ecológica sem precedentes, que afeta o solo, o ar, a água e, em geral, o ecossistema em que os seres humanos vivem.”

O apelo renovado do Papa

“Precisamos, portanto, de uma nova abordagem ecológica”, insiste Francisco na mensagem em vídeo, que seja direcionada à ecologia humana integral para envolver tanto questões ambientais como o homem na sua totalidade. Essa é a nossa grande responsabilidade diante das futuras gerações, conclui o Papa com um forte apelo e reflexão:

“Que mundo queremos deixar às nossas crianças e aos nossos jovens? O nosso egoísmo, a nossa indiferença e os nossos estilos irresponsáveis estão ameaçando o futuro dos nossos jovens! Assim, renovo o meu apelo: cuidemos da nossa mãe Terra, superemos a tentação do egoísmo que nos faz predadores de recursos, cultivemos o respeito pelos dons da Terra e da criação, inauguremos um estilo de vida e uma sociedade finalmente ecossustentável: temos a oportunidade de preparar um amanhã melhor para todos. Das mãos de Deus recebemos um jardim; aos nossos filhos não podemos deixar um deserto.”

30 de maio de 2021 at 5:38 Deixe um comentário

Reflexão sobre o Domingo da Santíssima Trindade

Cristo
Cristo 

“Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! ”

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

Chegamos ao dia em que se celebra de modo especial, Aquele que é celebrado diariamente, Deus!

Na primeira leitura, extraída do livro do Deuteronômio 4, 32-34.39-40 nos fala do privilégio de ter o Altíssimo como Deus, de ser muito querido por Ele e receber orientações para bem viver e ser feliz!Ouça e compartilhe

Também nós habitantes de nossas cidades, de nossos países, de nossas terras, desde crianças somos ensinados de que fomos criados por amor, que temos um Deus que nos ama e morreu por nós numa cruz e nos deixou critérios para bem viver e sermos felizes e fazermos as demais pessoas também felizes. Já no chamado Antigo Testamento tivemos a entrega do Decálogo, os dez mandamentos dados por Deus a Moisés, não só para o Povo Judeu, mas para todos que quisessem agir de acordo com a Justiça; Jesus Cristo, Deus Encarnado, mais tarde, leva à plenitude essa orientação para felicidade, ao nos dar as Bem-Aventuranças e a síntese: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Tudo isso encontramos na segunda leitura, Romanos 8, 14-17 quando Paulo fala:” todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato…recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá, ó Pai.”

E exemplos nos são dados todos os dias quando o calendário religioso nos apresenta o Santo do Dia. São pessoas como nós, de carne e osso, como se gosta de dizer; pessoas que em momento importante de suas vidas, se não, desde o início, decidiram viver plenamente os conselhos divinos. Por isso são chamados de veneráveis, beatos, santos. Viveram a felicidade, mesmo em situações extremamente difíceis, mas jamais perderam a serenidade, a paz e foram luzeiros para seus companheiros de caminhada. Foram escolhidos para serem sinais, testemunhas de Deus em meio a uma geração difícil, como também nós vivemos. Não rejeitaram a graça de Deus, que jamais lhes faltou. Podem ter chegado ao limite, mas confiaram no Altíssimo e foram homens e mulheres, idosos, maduros, jovens e crianças, ricos e pobres, cultos e iletrados, casados ou não, de todas as raças, que julgaram ser mais sábio seguir a Deus que às normas e convenções humanas.

E Paulo continua “se realmente sofremos com ele, é para sermos também glorificados com ele.”

O Evangelho, tirado de Mateus 28, 16-20 traz-nos a cena grandiosa do envio missionário dos onze discípulos e o mandato de “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! ” Todos nós privamos da confiança de Jesus Cristo e temos uma ordem: evangelizar todos os povos, batizá-los e orientá-los nas atividades do dia a dia e da vida, em geral. Mas a grande maravilha vem no final, quando o Senhor diz a eles e a nós: “Eis que eu estarei convosco todos os dia, até o fim do mundo”. Não estamos sozinhos, Deus está conosco, ele é o Emanuel, o Deus conosco! Também Maria, ao ver o índio Diogo amedrontado, não lhe diz:” eu não estou aqui, não sou sua mãe?” Portanto, coragem, em meio às vicissitudes da caminhada, deveremos saber que não estamos sós, Deus está conosco, além da presença materna da compadecida, Maria, nossa Mãe, quando, no Calvário, o Verbo Encarnado nos confiou a ela, Sua Mãe.

Somos felizes! Temos o nosso Deus como Pai, Redentor e Consolador!

29 de maio de 2021 at 10:39 Deixe um comentário

O mistério da Trindade em si e para a salvação humana

Trindade

O Mistério Trinitário é envolvente em si mesmo, ultrapassando todo o ser vivo, e também nos é dado para a nossa salvação. Tudo provém do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA

Após a Páscoa e Pentecostes, a Igreja celebrará, no próximo domingo, o mistério da Santíssima Trindade. Glorificamos a Deus Uno e Trino pelas suas maravilhas dadas ao ser humano. O Mistério Trinitário é envolvente em si mesmo, ultrapassando todo o ser vivo, e também nos é dado para a nossa salvação. Tudo provém do Pai, passa pelo Filho e se completa no Espírito Santo. Não se trata de três deuses, mas é um único Deus em três pessoas. Não há dúvidas que desde o início, os cristãos se distinguiram dos judeus e pagãos pela fé na Santíssima Trindade, pois aqueles eram batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cfr. Mt 28,19). Esta fé batismal teve as suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas na pessoa de Jesus de Nazaré, que unido ao Pai e ao Espírito Santo, falava em nome de seu Pai, fez a sua vontade e morreu para a salvação da humanidade[1]. A seguir, apresentamos uma visão do mistério da Trindade Santa a partir dos primeiros escritores cristãos, os padres da Igreja, do mistério em si, único e como é dado para a nossa salvação.

Bendito seja Deus pela hora do martírio

São Policarpo, bispo de Esmirna, século segundo, proferiu uma oração à Santíssima Trindade antes de seu martírio, bendizendo a Deus Pai por tê-lo julgado digno daquele momento e de tomar parte entre os mártires, e do cálice de Cristo, para a ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo[2]. A fé na Santíssima Trindade estava presente desde o início do cristianismo, nos seguidores e seguidoras do Senhor Jesus Cristo.

A liturgia dominical

São Justino de Roma, mártir no século segundo, afirmou às autoridades, a todos os seus fiéis, aos catecúmenos, às pessoas que eram preparadas para receberem os sacramentos da iniciação à vida cristã, que na liturgia dominical, após as exortações sobre as coisas de Deus e a necessidade de socorrer aos necessitados, os cristãos bendiziam por tudo aquilo que comiam ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo[3].

Os artigos da fé

Santo Irineu de Lyon, bispo do segundo e terceiro séculos, ressaltou a fé cristã em seus artigos proferidos na comunidade. Deus Pai é professado como incriado, invisível, único Deus, criador do universo. Este é o primeiro artigo de fé. O segundo referia-se ao Verbo de Deus, Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor, que apareceu aos profetas segundo a economia disposta pelo Pai. Por meio Dele, foi criado o universo. Ele se fez homem entre os homens para destruir a morte, para manifestar a vida, restabelecer a comunhão entre Deus e os seres humanos e, no fim dos tempos, virá para o julgamento e recapitular todas as coisas. O terceiro artigo referia-se ao Espírito Santo, cujo poder foi predito pelos profetas e os padres foram instruídos em relação ao mesmo Espírito, que no fim dos tempos, renovará os seres humanos para Deus[4].

Unidade na Trindade

Tertuliano, padre africano no segundo e no terceiro séculos, afirmou a unidade na trindade. Ele se opôs à Praxeas, o qual afirmava que o sofrimento não foi dado para o Filho, mas para o Pai, uma vez que para ele se o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, quem sofreu foi o Pai e não o Filho. Tertuliano dirá que a paixão foi assumida pela segunda pessoa, Jesus Cristo. Por isso, Tertuliano afirmou a unidade em Deus, a qual é dada em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. É a unidade na substância, de modo que há um só Deus, mas não uma única Pessoa, no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Tertuliano afirmou que as três Pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não podem ser vistas na condição, mas em grau; não em substância, mas em forma; não em poder, mas em aspecto, em uma substância, uma condição e um poder, enquanto que Ele é um Deus, de onde estes graus, formas e aspectos são reconhecidos, sob o nome de Pai, Filho e Espírito Santo[5].

Deus, como mistério incompreensível

Orígenes, padre dos séculos segundo e terceiro, afirmou Deus como mistério. Deus é incompreensível e inatingível pelo conhecimento. Se existe alguma coisa que se compreende a respeito de Deus, devemos acreditar que Deus está de muitas maneiras para além daquilo que podemos julgar a seu respeito. Deus ultrapassa todas as coisas na beleza e em excelência, de modo indizível e inapreensível. Sua natureza não pode de modo algum ser captada nem pela mais pura e límpida inteligência humana[6].

Uma só divindade e unicidade das pessoas

Santo Ambrósio, bispo de Milão no século quatro, asseverou que há uma só divindade e unicidade das pessoas, dizendo que o Pai é um, o Filho é um e o Espírito Santo é um. São importantes as características das Pessoas divinas, porque o Pai não é o Filho e o Filho não é o Pai e o Espírito Santo não é o Pai e nem o Filho, de modo que uma Pessoa é o Pai, a outra é o Filho e uma outra é o Espírito Santo. A grandeza da substância divina se estende sem medida. A Trindade não conhece limites, pois não há fronteiras, nem pode ser medida, não há dimensões, porque nenhum espaço pode circunscrevê-la, nenhum pensamento abraçá-la, nenhum cálculo avaliá-la, nenhuma época modificá-la[7].

A existência do único Deus, Salvador

Santo Atanásio, bispo de Alexandria, no século quarto, teve presente contra os pagãos e contra os arianos, a existência de um só Deus, pois não é possível imaginar a existência de outro deus, senão o verdadeiro Deus, Pai do Cristo e dele provém o Espírito Santo. O Senhor Jesus mesmo confirmou as palavras de Moisés, que o Senhor Deus é único (cfr. Mc 12,29; cfr. Dt 6,4) e também se encontra outra afirmação dada pelo Senhor que rendia glória ao Pai, Senhor do céu e da terra (cfr. Mt 11,25; Lc 10,21). Assim, a fé cristã afirma a não existência de outro deus, mas somente de um único Deus, que é Senhor do céu e da terra[8].

A fé na Trindade a partir da palavra de Deus

Santo Hilário, bispo de Poitiers, no século quarto, insistiu contra os arianos, que negavam a divindade do Verbo, na sua preexistência, que a nossa fé em Deus Uno e Trino nos é ofertada também pela Palavra de Deus. A fé dos féis e a confissão do Pai e do Filho e do Espírito Santo correspondem às doutrinas evangélicas e apostólicas, de modo que não se aceita algo em comum com os hereges, porque eles rejeitam a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A busca pela verdade deve ser constante nos fieis e nos pastores, para perceber nos hereges as sentenças contra a fé apostólica por nós professada, como iludem os simples ouvintes, como corrompem a força das divinas palavras[9]. Para isso, era preciso afirmar a fé em Deus único e trino.

O mistério de Deus ultrapassa a realidade humana

São Basílio, bispo de Cesaréia, no século quarto, falou de Deus como mistério que ultrapassa o pensamento humano. Não se deve abranger a Deus por conceitos corporais porque ele não é circunscrito na mente humana. A pessoa de fé afirma que o raciocínio humano jamais atingirá o infinito. É preciso refletir sobre Deus de acordo com sua potência, simplicidade de natureza, estando em toda a parte e ultrapassando a tudo. É intangível, invisível e foge à percepção humana. Nada acontece em Deus de modo idêntico ao que sucede conosco. Este mistério tão grande e infinito fez o ser humano a sua imagem e semelhança (cfr. Gn 1,28)[10].

A natureza da Santíssima Trindade

Mesrop Mashtots, monge armênio, no século quinto, teve presente a natureza e atividade da Santíssima Trindade. Única é a natureza, a essência da Santíssima Trindade, pois de nenhuma outra essência essa deduz o seu ser. O Pai possui em si o primeiro princípio do Filho incriado e do Espírito: é Deus e criador de todo o criado visível e invisível. Ele é dito princípio porque gera o Filho e é a fonte do Espírito Santo. Não há outro criador fora da única Santíssima Trindade, de sua soberania onipotente. Quando Deus falou, tudo se constituiu e as coisas existiram (cfr. Sl 148,5). Ele tudo governa no céu e sobre a terra com a sua providência e a sua infinita sabedoria. Ele é amor, é rico de misericórdia, de bondade nas manifestações da sua graça. Penetra todo o saber e toda sabedoria; o seu ser é sem princípio, conhece os pensamentos dos corações. A fé cristã manifesta a única natureza e divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo[11].

Uma essência e três pessoas

Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos quatro e cinco, afirmou que há três pessoas na Trindade e uma só essência e um só Deus. Não existe nada dessa mesma essência fora da Trindade. Segundo Santo Agostinho, nós dizemos três pessoas com a mesma essência ou três pessoas com uma só essência. Se na realidade humana pode-se dizer que três homens são feitos da mesma natureza e única natureza, na essência da Trindade, não pode existir de forma alguma outra pessoa senão da mesma essência. Em Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo juntos não são uma essência maior que o Pai só ou o Filho só, mas as pessoas são iguais a cada uma dentre eles em particular. Dessa forma, Santo Agostinho levava as pessoas a crer no Pai, no Filho e no Espírito Santo como um só e único Deus, grande, onipotente, bom, justo, misericordioso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis e tudo o que se possa dizer conforme a inteligência humana[12].

Santo Agostinho dispôs no final de sua obra maravilhosa sobre uma oração à Trindade, na qual se enumera considerações importantes. Ele menciona a fé em Deus Uno e Trino, no Senhor Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Tudo isso é possível graças à ordem do Filho que mandou ir e batizar a todos os povos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cfr. Mt 28,19), de modo que o fiel é batizado em nome da Trindade. O batismo é feito em nome de Deus uno e trino, de modo que Ele não ordenou que os fiéis fossem batizados em nome de alguém que fosse o único Deus, feito pelo mistério na Trindade[13].

O mistério de Deus Uno Trino ultrapassa a mente humana. Nós adoramos este mistério! Ele mora nos corações humanos. Ele é oferecido para nós e para a nossa salvação. Somos chamados a viver o mistério em nossas vidas e em cada momento. O mundo será melhor quando louvar o Deus Uno e Trino, pois a vida estará sobre a morte, o amor sobre o ódio, porque Deus é um só, presente no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

[1] Cfr. Basil Studer, Trinità. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo Di Berardino. Marietti, Genova-Milano, 2008, pgs. 5467-5468.

[2] Cfr. Martírio de São Policarpo, 14, 1-2. In: Padres Apostólicos. Paulus, SP, 1995, pgs. 152-153.

[3] Cfr. I Apologia, 67,1-2. In: Justino de Roma. Paulus, SP, 1995, pg. 83.

[4] Cfr. Irineu de Lyon, Demonstração da pregação apostólica, 6. Paulus, SP, 2014, pgs. 75-76.

[5]Cfr. Contro Prassea, 2. CCL 2. Ver também: e-cristianismo.com.br/…/tertuliano-contra-praxeas.html?start=2.

[6] Cfr. Orígenes, Tratado sobre os Princípios, 5. Paulus, SP, 2012, pgs. 62-63.

[7] Cfr. Ambrogio, Commento al Vangelo di san Luca, 2, 12-13. In: La teologia dei padri, v. 1. Città Nuova Editrice, Roma, 1981, pgs. 38-39.

[8] Cfr. Contra os pagãos, I, 6. In: Santo Atanásio. Paulus, SP, 2002, pg 53.

[9] Cfr. Santo Hilário de Poitiers. Tratado sobe a Santíssima Trindade 4,1. Paulus, SP, 2005, pg. 99.

[10] Cfr. A origem do Homem. Primeira Homilia: à Imagem, 5. In: Basílio de Cesaréia. Paulus, SP, 1998, pgs. 46-52.

[11] Cfr. Mesrop, armeno, Primo discorso. In: La teologia dei padri, v. 1, pgs. 39-41.

[12] Cfr. Santo Agostinho, A TrindadeLivro VII, capítulos 6,11-12. Paulus, SP, 1994, pgs. 255-256.

[13] Cfr. IdemLivro XV, 51, capítulo 28, pg. 555. 

29 de maio de 2021 at 5:38 Deixe um comentário

«Batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo»

Gloria ao Pai

Eis a regra da nossa fé, eis o fundamento do nosso edifício, eis aquilo que dá firmeza ao nosso comportamento. Em primeiro lugar: Deus Pai, incriado, ilimitado, invisível, Deus uno, criador do universo; este é o primeiro artigo da nossa fé. Segundo artigo: o Verbo de Deus, Filho de Deus, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que foi revelado aos profetas segundo o género das suas profecias e segundo os desígnios do Pai, por meio de quem todas as coisas foram feitas; na plenitude dos tempos, para recapitular todas as coisas, dignou-Se encarnar, aparecendo entre os homens, visível, palpável, para destruir a morte, fazer surgir a vida e operar a reconciliação entre Deus e o homem. Terceiro artigo: o Espírito Santo, por quem os profetas profetizaram, os nossos pais conheceram as coisas de Deus e os justos foram conduzidos para a via da justiça; no final dos tempos, foi enviado aos homens de uma maneira nova, a fim de os renovar em toda a face da Terra, para Deus. É por isto que o batismo do nosso novo nascimento é colocado sob o signo destes três artigos. Deus Pai concede-no-lo, com vista ao nosso novo nascimento em seu Filho, pelo Espírito Santo. Porque aqueles que trazem em si o Espírito Santo são conduzidos ao Verbo, que é o Filho, o Filho condu-los ao Pai, e o Pai concede-lhes a imortalidade. Sem o Espírito, é impossível ver o Verbo de Deus, e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai. Porque o conhecimento do Pai é o Filho; o conhecimento do Filho faz-se pelo Espírito Santo; e o Filho concede o Espírito segundo a complacência do Pai.

De Santo Ireneu de Lyon

28 de maio de 2021 at 5:34 Deixe um comentário

Papa: vigília de Pentecostes marque para nós o início de um novo testemunho

2020.10.15 Videomessaggio FAO

Todos, todos precisamos pedir perdão ao nosso Pai; e precisamos também perdoar-nos a nós mesmos: é o que afirma o Papa Francisco na videomensagem dirigida aos membros de várias Igrejas e comunidades cristãs que participaram de uma Vigília ecumênica de Pentecostes.

Adriana Masotti – Cidade do Vaticano

“A Vigília de Pentecostes desta noite pode ser o início de um novo testemunho”: são os votos do Papa Francisco dirigindo-se aos fiéis de várias denominações cristãs que participaram da Vigília ecumênica e internacional de Pentecostes.

A iniciativa foi organizada por Charis – Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica – instituição desejada pelo próprio Pontífice e que trabalha pela unidade dos cristãos desde 2019. O evento foi realizado na Igreja anglicana de Cristo, em Jerusalém, em conexão on-line com comunidade de outras cidades do mundo.

“Esta é uma noite muito especial”, afirma o Papa Francisco, dirigindo seu pensamento à descida do Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos no Cenáculo, que transformou para sempre “suas vidas e toda a história”. Falando sua a primeira comunidade de fiéis descrita pelos Atos dos Apóstolos, o Papa afirma:

Ninguém passava necessidade, porque tinham tudo em comum. E o povo dizia deles: “Vejam como se amam!”. O amor fraterno os identifica. A presença do Espírito os torna compreensíveis”. Esta noite ressoa em mim, mais do que nunca, a frase “vejam como se amam”! Como é triste quando dizem dos cristãos: “vejam como brigam”. O mundo de hoje pode dizer sobre os cristãos “vejam como se amam” ou então “vejam como se odeiam” ou ainda “vejam como brigam”? O que aconteceu conosco? Pecamos contra Deus e contra nossos irmãos. Estamos divididos porque quebramos em mil pedaços o que Deus fez com tanto amor, compaixão e ternura. Todos nós precisamos pedir perdão ao nosso Pai; precisamos perdoar-nos uns aos outros.

Vem Espírito Santo, transforma o meu coração

O Papa prossegue observando que, mais do que nunca, é necessária e urgente a unidade dos cristãos. Isso se torna evidente num mundo atingido pela epidemia, efeito de um vírus, consequência do egoísmo que torna os pobres mais pobres e o ricos mais ricos, escreve Francisco, enquanto a natureza é depredada pelo homem, ao qual Deus a confiou.

Irmãos e irmãs, esta noite pode ser uma profecia, o início de um testemunho que nós cristãos, juntos, devemos dar ao mundo: ser testemunhas do amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado. O amor ao qual nós, fiéis em Jesus, fomos chamados. Nesta noite, milhares de cristãos, de todos os cantos da terra, elevam a mesma oração: “Vinde Espírito Santo! Vinde Espírito de Amor mudar a face da terra e do meu coração”!

Voltar a ser testemunhas do amor de Deus

A exortação final do Papa a todos os cristãos é que voltem a oferecer ao mundo o testemunho do amor recíproca da primeira comunidade, a sair juntos, transformados pelo Espírito, para mudar o mundo. E evoca a profecia de Isaías (2, 2-4):

No fim dos tempos, acontecerá que o monte da casa do Senhor será colocado no cume das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as gentes e os Povos virão em multidão e dirão: “Vinde, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacó: ele nos ensinará seus caminhos e nós trilharemos as suas veredas. Pois de Sião sairá a Lei e, de Jerusalém, a Palavra do Senhor. Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados e, de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra e não se arrastarão mais para a guerra” (Isaías 2). Assim seja!

27 de maio de 2021 at 5:45 Deixe um comentário

O Papa: Filipe Néri, o santo da alegria que conforta

São Filipe Néri com os jovens
São Filipe Néri com os jovens 

No final da Audiência Geral desta quarta-feira (26) o Papa recordou o fundador da Congregação do Oratório, o evangelizador na Roma do século XVI: “Que a alegria reconfortante, dom do Senhor, acompanhe e enriqueça o caminho de cada um de vocês”.

Jane Nogara – Vatican News

“Hoje celebramos a memória litúrgica de São Filipe Neri, comumente chamado de ‘santo da alegria’. Que a alegria reconfortante, dom do Senhor, acompanhe e enriqueça o caminho de cada um de vocês”. São palavras do Papa Francisco no final da Audiência geral desta quarta-feira (26) dirigindo-se aos fiéis presentes. Porém, São Filipe Neri e seus companheiros do Oratório também acompanhavam os doentes até a “boa morte”. É um dos muitos contrastes do terceiro apóstolo de Roma, depois de Pedro e Paulo, nascido em Florença, mas que se tornou romano antes dos 20 anos de idade, e depois durante 60 anos foi um incansável animador da caridade e da evangelização em uma cidade corrupta e perigosa.

Seu sorriso fez dele um “trabalhador entre as almas”

Por ocasião dos 500 anos do nascimento do santo, em 26 de maio de 2015, o Papa Francisco enviou uma mensagem ao Procurador Geral da Confederação do Oratório de São Filipe Néri na qual afirmava: “Seu sorriso o transformou em um ‘apaixonado anunciador da Palavra de Deus’. Este foi o seu segredo, que fez dele um ‘trabalhador entre as almas’. Apaixonado pela oração íntima e solitária, no Oratório ele ensinava a rezar em comunhão fraterna”. E continuou “fortemente ascético na sua penitência inclusive corporal, propunha o esforço da mortificação interior marcada pela alegria e serenidade do lazer; apaixonado anunciador da Palavra de Deus, foi pregador tão parcimonioso de palavras a ponto de se reduzir a poucas frases quando a comoção o surpreendia”.

São Filipe Néri

São Filipe Néri

Pai e mestre das almas

“Foi um autêntico pai e mestre das almas”, escreveu o Papa Francisco, “a sua paternidade espiritual, reflete-se em suas ações, acompanhada de confiança nas pessoas; enfrentava gestos pessimistas e carrancudos com espírito festivo e alegre, convicto de que a graça não alterava o seu caráter, pelo contrário, conformava, fortalecia e aperfeiçoava”.

São Filipe Néri

São Filipe Néri

Alegria base do apostolado

Por fim o Papa exortou que a alegria do santo deveria ser o fundo das comunidades e do apostolado: “Nos nossos dias, sobretudo no mundo dos jovens, tão queridos ao padre Filipe, há grande necessidade de pessoas que rezem e saibam ensinar a rezar. Com o seu ‘intensíssimo afeto ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, sem o qual não podia viver’, ele ensina-nos que a Eucaristia celebrada, adorada e vivida é a fonte da qual haurir para falar ao coração dos homens. De fato, ‘com Jesus Cristo a alegria sempre nasce e renasce’. Esta alegria, característica do espírito oratoriano, seja sempre o clima de fundo das vossas comunidades e do vosso apostolado”.

São Filipe Néri, o terceiro “Apóstolo de Roma”, entregou seu espírito a Deus na madrugada de 26 de maio de 1595. O dinamismo do seu amor nunca diminuiu! A cidade de Roma parece repetir: “Não é hora de dormir, porque o Paraíso não é para ociosos”!

26 de maio de 2021 at 17:09 Deixe um comentário

Pentecostes: o Espírito Santo atua na Igreja e no mundo

2021.05.21 La Pentecoste - lo Spirito Santo

O Espírito Santo desceu em Pentecostes tornando viva a vida da Igreja em Jesus Cristo, em unidade com o Pai. Vivamos os seus dons a serviço da Igreja e da missão de tornar filhos e filhas de Deus a todas as pessoas. O Espírito Santo nos ilumine nesta caminhada de fé, de esperança e de caridade!

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA

            Estamos no tempo favorável para meditar as maravilhas do Senhor, a sua ressurreição e ascensão, e, logo mais, a ação do Espírito Santo. Esta semana antecede o grande acontecimento, Pentecostes, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Ele veio para renovar a face da terra, levar os discípulos a serem missionários de Jesus Cristo e de sua Igreja, em unidade com o Pai. Vivenciamos os seus dons e as suas graças na família, na comunidade e na sociedade, tendo presente os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos. Eles falaram sobre o Espírito Santo, a sua ação e missão no mundo e na igreja.

            O Espírito Santo como pessoa divina.

            Tertuliano, padre do norte africano, dos séculos segundo e terceiro, foi o primeiro autor na antiguidade cristã a usar o termo persona (pessoa) em relação à Trindade e ao Espírito Santo ao se referir à criação do ser humano. Quando Deus disse “façamos” (cfr. Gn 1,26), por ocasião da criação do homem, o padre africano interpretou que o termo expressava a Unidade na Trindade Santa. Não era apenas uma só pessoa que estava falando, mas as três pessoas que estavam juntas num único Deus para a criação do ser humano, homem e mulher, sendo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Deus disse assim porque Ele tinha ao seu lado o Filho, como segunda pessoa, e o Espírito Santo, como terceira pessoa. O Espírito Santo vem do Pai através do Filho e é um com o Pai e com o Filho, em relação com a unidade da substância[1]. O Espírito Santo torna as pessoas, os cristãos, irmãos e irmãs. Quanto mais a bom direito os cristãos se sentem irmãos aqueles que reconhecem Deus como único pai e se chamam irmãos por causa do espírito de santidade[2].

            A unidade humana com o Espírito Santo.

            Orígenes de Alexandria, padre dos séculos segundo e terceiro, afirmou que não se pode participar do Pai e do Filho sem o Espírito Santo. O Espírito Santo faz as pessoas participarem de sua santidade. Ele afirmou que não se pode falar do Filho de Deus de maneira mais evidente e mais divina e dele dar conhecimento aos seres humanos a não ser por meio de sua Escritura, inspirada pelo Espírito Santo. O Espírito Santo age sobre aqueles e aquelas que são orientados para o bem e percorre o caminho de Cristo (cfr. 1 Cor 4,17), isto é, fazem o bem (cfr. Ef 2,10) e são em Deus (cfr. 1 Jo 4,13)[3].

            O temor de Deus pelo Espírito Santo.

            Santo Irineu de Lyon, bispo dos séculos segundo e terceiro, afirmou que o temor de Deus e a fé na vinda de seu Filho vêm por obra do Espírito de Deus, que põe vida no coração humano, tornando as pessoas puras, viventes para Deus, porque possuem o Espírito do Pai que purifica o ser humano e eleva à vida de Deus. A fraqueza do ser humano é superada pela força do Espírito, graças à comunhão com Ele. Desta forma, os mártires não testemunharam segundo a fraqueza da carne, mas sim conforme a prontidão do Espírito. A fraqueza da carne desaparece pelo poder do Espírito, constituindo o ser humano como um ser vivente para Deus pela sua participação no Espírito[4].

            O Espírito é extraordinário em seus dons.

Segundo São Cirilo de Jerusalém, bispo do século quarto, o Espírito Santo é algo grandioso, onipotente, extraordinário nos seus dons. O Espírito Santo na medida e no modo idôneo para cada um age eficazmente, pois Ele conhece a natureza de cada um de nós, discernindo os pensamentos e a consciência, tudo quanto pronunciamos ou tememos com a mente. O bispo de Jerusalém tinha presente as dimensões do império romano com todos os povos, reconhecendo os ministros e a presença de Deus em todos eles. Constatamos que o grande protetor e distribuidor de graças dando a todos a misericórdia e o amor vem do Espírito Santo, o qual ilumina todas as coisas e também aqueles que têm olhos para vê-Lo. Ele é superior aos anjos e arcanjos, as potestades, aos tronos, as dominações, sendo Ele senhor e santificador[5].

            A iluminação por obra do Espírito Santo.

            São Cirilo de Jerusalém enfatizou ainda o cumprimento do bem e da salvação como ação do Espírito Santo. Antes de Sua chegada, surgem emanações de luz e de ciência, advertindo a pessoa para a sua vinda. Ele vem com a alma de um verdadeiro protetor, porque traz a salvação e ilumina a mente do fiel. O Espírito Santo instrui o ser humano para que possa distinguir perfeitamente aquilo que em determinado momento não conseguiria perceber. Realmente, precioso e bom é o Espírito Santo! Pois, somos batizados no Pai, Filho e Espírito Santo (cfr. Mt 28,19)[6].

            A libertação por obra do Espírito Santo.

            Para São Basílio, o grande, bispo de Cesaréia do século quarto, afirmou que uma alma que deseja libertar-se às coisas terrenas, verá na razão da criação puríssima, o Espírito Santo, donde são o Pai e o Filho, o Espírito Santo, o qual é da mesma natureza e substância, e possui também: a bondade, a justiça, a santidade, a vida. Ele é o doador dos dons como a santificação, a bondade e a justiça. Assim é o Espírito Santo na divina substância, não considerado uma pluralidade, mas visto na Trindade, na unidade.

            O Espírito Santo é um com o Pai e o Filho.

Ainda em São Basílio, afirma-se a unidade do Espírito Santo com as outras duas pessoas divinas. Como o Pai é um e o Filho é um, assim também o Espírito Santo é um. Não se pode colocar junto aquele que santifica com aqueles que são santificados. O Espírito enche os anjos, os arcanjos, santifica as potestades, vivifica tudo. Ele se distribui na inteira criação, mas a cada um, se dá de um modo, não resultando diminuído. O Espírito Santo dá a todos a sua graça, permanecendo indiviso. Ilumina todos ao conhecimento de Deus, entusiasma os profetas, torna sábios os legisladores, consagra os sacerdotes, consolida os reis, torna perfeitos os justos, distribui o dom da santificação, ressuscita os mortos, liberta os prisioneiros, faz filhos os estrangeiros[7].

            A obra da purificação pelo Espírito Santo.

            São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, dos séculos quarto e quinto, realçou que em virtude do Espírito Santo, nós obtemos o perdão dos nossos pecados por sua obra, somos purificados de todas as impurezas: através de sua mediação, tornamo-nos pessoas boas e angelicais pela graça que dele provem. A presença do Espírito Santo transforma nossos corações e vida[8].

            As aparições do Espírito Santo à realidade humana.

Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos quarto e quinto, disse que nas aparições do Espírito Santo, não foi assumida a criatura do mesmo modo que o Verbo assumiu a carne e a forma humana no seio da Virgem Maria. O Espírito Santo não santificou a pomba nem o vento e nem os uniu a si e à sua pessoa, porque a sua natureza não é mutável, mas é imutável e eterna. Essas figuras apareceram quando foi oportuno, como um gesto de serviço da criatura para com o seu Criador, obedecendo a um sinal de quem permanece imutável em si mesmo, com a finalidade de mostrá-lo ao mundo. Nessas realidades existentes, esteve oculta uma ação significativa, a ação do Espírito Santo, de modo que a figura material desses elementos surgiu com uma finalidade representativa e passageira, para impressionar os sentidos humanos pelo poder do Espírito Santo que está em comunhão com as outras duas pessoas divinas: o Pai e o Filho[9].

O Espírito Santo desceu em Pentecostes tornando viva a vida da Igreja em Jesus Cristo, em unidade com o Pai. Vivamos os seus dons a serviço da Igreja e da missão de tornar filhos e filhas de Deus a todas as pessoas. O Espírito Santo nos ilumine nesta caminhada de fé, de esperança e de caridade!

[1] Cfr. Contro Prassea, 12,3. CCL 2, 1173. In: Spirito di Dio, Introduzione, traduzione e note a cura di Mauro Todde, Edizioni Paoline, Milano, 1987, pg. 13, n. 6. e-cristianismo.com.br/…/tertuliano-contra-praxeas.html?start=2

[2]Cfr. Tertulliano, Apologetico, XXXIX, 9, a cura di A. Resta Barrile,. Oscar Mondadori, Bologna, 2005, pg. 139.

[3] Cfr. Origines, Tratado sobre os Princípios, 1,3,1-8. Paulus, SP, 2012, pgs. 84-94.

[4] Cfr. Cfr. Ireneu de Lião, V, 9,2, Paulus, São Paulo, 1995, pgs. 538-539.

[5]Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi battesimali, 16, 22-23. In: La teologia dei padri, v. 3. Città Nuova Editrice, Roma, 1982,  pgs. 306-307.

[6]Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi battesimali, 16,19-21. In: Idem, pgs. 308-309.

[7]Cfr. Basilio il Grande, Omelia sulla fede, 3. In: Idem, pg. 307.

[8]Cfr. Giovanni Crisostomo, Omelia sulla santa Pentecoste, 1. In: Idem, pg. 317.

[9] Cfr. Santo Agostinho, A Trindade, Livro II, 11-12. Paulus, SP, 1995, pgs, 81-84.

26 de maio de 2021 at 5:16 Deixe um comentário

Frases sobre a Santíssima Trindade

A Santíssima Trindade em nossas vidas | Todo de Maria

1-Santo Antônio de Pádua: “Na Santíssima Trindade, o Filho é a face do Pai. Assim como reconhecemos uma pessoa pelo rosto, também pelo Filho conhecemos o Pai”.

2-Dom Eurico dos Santos Veloso: “Deus é um mistério de amor. O princípio desse amor chama-se Pai. Sua realização completa é o Filho. A perpetuação desse amor é o Espírito Santo”.

3-Papa Emérito Bento XVI: “Maria, espelho da Santíssima Trindade, nos ajude a crescer na fé no mistério trinitário”.

4-Cardeal Orani João Tempesta: “Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia”. 

5-Papa Francisco: “A festa da Santíssima Trindade nos faz contemplar o mistério de um Deus que incessantemente cria, redime e santifica, sempre com amor e por amor…”

6-Dom Eurico dos Santos Veloso: “Que o Espírito Santo mova a humanidade para a experiência desse amor divino e que cada um de nós abra o coração para a ação do Espírito Santo”.

7-A Palavra: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” (2 Cor 13,13).

8-Beata Elisabete da Trindade: “Amo tanto a pureza deste mistério da Santíssima Trindade, pois é um abismo em que me perco!”

9-Papa Emérito Bento XVI: “No dia de hoje contemplamos a Santíssima Trindade, do modo como Jesus no-la fez conhecer. Ele revelou-nos que Deus é amor, “não na unidade de uma única pessoa, mas na Trindade de uma só substância”.

10-São João Paulo II: “Esta é a nossa fé! Esta é a fé da Igreja! Este é o Deus da nossa fé: Pai, Filho e Espírito Santo”.

25 de maio de 2021 at 5:44 Deixe um comentário

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