Archive for março, 2020

A voz do Papa é única no mundo para quebrar as solidões criadas pela pandemia

Papa Francisco no momento de oração na Praça São Pedro, na sexta-feira, 27 de março

Papa Francisco no momento de oração na Praça São Pedro, na sexta-feira, 27 de março

O momento extraordinário de oração conduzido por Francisco na última sexta-feira (27) tinha a clara indicação de se percorrer uma estrada obrigatória, aquela da globalização da solidariedade, afirma Agostino Giovagnoli, professor de História Contemporânea na Univ. Católica do Sagrado Coração, de Milão. “A história do cristianismo é uma história de solidariedade”, como confirma os períodos de peste: “ninguém queria estar com os doentes, com exceção dos frades capuchinhos”.

Amedeo Lomonaco, Andressa Collet – Cidade do Vaticano

As palavras do Papa Francisco pronunciadas na última sexta-feira (27) foram repercutidas em todas as partes do mundo e, sobretudo, ficaram impressas nos corações de milhões de pessoas. A imagem da tempestade a ser enfrentada, com todos remando juntos, indicada pelo Pontífice na homilia acompanhada pela chuva, exorta à humanidade a abrir, autenticamente, as estradas da corresponsabilidade e da solidariedade.

Ouça a reportagem

O Papa se dirigiu não só a católicos e crentes, mas a todo homem. E, sobretudo, implorou ao Pai para que não nos deixe à mercê da tempestade. A sua voz quebrou o silêncio ensurdecedor das cidades desertas. Nas suas palavras, sublinha Agostino Giovagnoli em entrevista ao Vatican News, toda a humanidade pode se reconhecer. O filósofo se ocupa de relações internacionais e é professor de História Contemporânea na Universidade Católica do Sagrado Coração, com sede em Milão.

Professor – “Eu acredito que, para o mundo, a oração de Papa Francisco tenha representado, antes de tudo, a escuta de palavras que descrevem uma situação, neste momento, realmente universal, em que encontra toda a humanidade. Então, a voz do Papa quebra, num certo sentido, o silêncio das nossas cidades, da Praça São Pedro na sexta-feira, para expressar uma coisa que é compartilhada realmente por tantos. Isso é muito raro, talvez único na situação atual; não há nenhuma outra voz no mundo que consiga expressar isso neste momento. E o Papa Francisco o fez partindo da descrição profunda das trevas, da escuridão espessa, do silêncio ensurdecedor, do vazio desolador. São palavras em que toda a humanidade pode se reconhecer e isso, certamente, é importante porque aproxima uns dos outros, quebra as solidões criadas por essa epidemia terrível.”

Junto à voz do Papa, na Praça São Pedro vazia, milhões de pessoas se uniram espiritualmente, através dos meios de comunicação, aos vários momentos desse dia histórico. É um pouco o contrário daquilo que Francisco denunciou várias vezes quando falou de globalização da indiferença. Talvez este é um mundo mais atento ao grito de dor também da Terra…

Professor – “É um mundo que, após essa terrível experiência, certamente está mudando e, talvez, para melhor. Ao menos parece isso. Papa Francisco encontrou palavras muito simples, mas muito diretas para expressar a novidade dessa situação. Estamos todos no mesmo barco. Usou essa imagem evangélica para expressar um conceito que é evidente a todos. E é um barco em que todos constatamos os nossos limites. Então, a estrada de uma globalização da solidariedade é uma estrada obrigatória. Papa Francisco expressou de modo muito plausível essa exigência.”

A última sexta-feira foi cadenciada também por imagens muito poderosas e eloquentes. Um dos ícones do momento de oração conduzido pelo Papa foi o crucifixo de madeira banhado pela chuva, quase “lágrimas” provenientes do céu…

Professor – “Sim. Esse crucifixo afetou todos, e não a caso. A fé cristã apresenta o sinal de um homem crucificado e, então, não é uma promessa de prosperidade. Além disso, em momentos como esse se compreende a verdade desse sinal. É o sinal de um Deus que assume todos os sofrimentos do homem. E é o Deus da misericórdia. E essas lágrimas da chuva tornaram visível, de qualquer modo, alguma coisa que todos compreenderam.”

O tempo da pandemia está mudando profundamente o mundo. Neste momento, pode também regenerar o patrimônio da fé…

Professor – “Eu acredito que sim, justamente porque nega as várias ideias de salvação ou de segurança que, geralmente, parecem tornar a nossa vida tão sólida. O Papa também disse explicitamente isso na sexta-feira. Esvaziando a vida dos ídolos, torna-se mais evidente àquilo a que a nossa fé se dirige. Eu acredito que haverá uma regeneração na direção da responsabilidade. Papa Francisco citou tantos que, neste momento, se ocupam dos outros.”

A situação dramática que o mundo está vivendo já foi vivida em outros momentos da história, como em ocasiões de períodos difíceis da peste. O que nos ensina, nesse sentido, a história, em especial, a história do cristianismo?

Professor – “Nos ensina que a fé é poderosa, sobretudo, nas obras. Diante da peste, tradicionalmente, os únicos que cuidavam dos outros – colocando em risco a própria vida – eram os cristãos, os religiosos. A mesma palavra “Lazzaretto” foi cunhada para definir o lugar onde as vítimas da peste eram acolhidas. Ninguém queria estar com elas, com exceção dos frades capuchinhos. A história do cristianismo é uma história de solidariedade, de serviço aos outros e, sobretudo, aos mais pobres e aos doentes. E isso não acontece de menos hoje. A ciência não é tudo. É preciso de solidariedade, e os cristãos, neste momento, demonstram ela ao se dirigir àqueles que estão morando na rua, aos idosos nos institutos… E, assim, sobretudo, o cristianismo nos ensina que não só de pão vive o homem. Isto é, inclusive e principalmente nestes momentos dramáticos, as palavras não são inúteis, mas são importantes. Não são supérfluas, tanto é verdade que as palavras do Papa Francisco são muitos escutadas.”

31 de março de 2020 at 5:47 Deixe um comentário

Frases sobre a Paixão do Senhor

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1-São João Fisher: “De tudo o que caracteriza a doutrina cristã, é particularmente extraordinário e maravilhoso que o Filho de Deus tenha consentido, por amor ao homem, em ser crucificado e morrer”.

2-Padre Paulo Ricardo: “Para crermos no mistério da Cruz, devemos apoiar-nos na da Virgem Maria. Ela, a mãe do Salvador, foi a única que não vacilou diante da Paixão”.

3-São João da Cruz: “Se queres chegar à posse de Cristo, jamais O procures sem a cruz”.

4-Santo Agostinho: “É melhor não vermos com o espírito Aquele que é mas abraçarmos a cruz de Cristo, do que vermo-l’O com o espírito e desprezarmos a cruz”.

5-São João Fisher: “Aqueles que se esforçam, de coração aberto e fé sincera, por meditar e admirar este livro extraordinário que é a cruz atingirão um saber mais fecundo que muitos outros que estudam e meditam quotidianamente nos livros vulgares”.

6-Padre Paulo Ricardo: “Na Cruz, Jesus não sofreu apenas uma execução cruel e injusta; Ele deu a sua vida livremente — “ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir” (Jo 10, 18)

7-Santo Agostinho: “A paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é um objeto de glória e um ensinamento de paciência”.

8-São João Fisher: “Não é impressionante que Aquele que dá a vida a todas as criaturas tenha sofrido morte tão ignóbil, cruel e dolorosa?”

9-São Pedro Julião Eymard: “O amor que Jesus Cristo nos tem está na cruz”.

10-Santo Agostinho: “A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa vida”.

11-São João da Cruz: “Quem não procura a cruz de Cristo não procura a glória de Cristo”.

12-São Padre Pio de Pietrelcina: “Que a paixão de Cristo esteja sempre esculpida na tua mente e no teu coração!”

13-Basílio de Selêucia (Bispo do ano 468): “Ele destruiu o sofrimento pelo sofrimento da sua Paixão, a morte pela sua morte”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

31 de março de 2020 at 5:45 Deixe um comentário

A oração do Papa Francisco pelos que choram

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Na Missa na casa Santa Marta na manhã deste domingo (29/03), o Papa rezou por aqueles que se encontram na dor neste tempo de aflição. Na homilia, recordou que também Jesus chorou: muitas pessoas choram, peçamos a graça de saber chorar com elas

VATICAN NEWS

Francisco presidiu a Santa Missa na manhã deste 29 de março, no V Domingo da Quaresma. São três semanas que a celebração eucarística na Capela da Casa Santa Marta é transmitida em streaming por desejo do Papa, que quer chegar aos fiéis que não podem participar da Missa por causa da pandemia do coronavírus. Hoje, Francisco rezou pelos aflitos.

Penso em muitas pessoas que choram: pessoas isoladas, pessoas em quarentena, os anciãos sós, pessoas internadas e as pessoas em terapia, os pais que veem que, como falta o salário, não conseguirão dar de comer aos filhos. Muitas pessoas choram. Também nós, em nosso coração, as acompanhamos. E não nos fará mal chorar um pouco com o pranto do Senhor por todo o seu povo.

Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 11,3-7.17.20-27.33b-45) sobre a ressurreição de Lázaro, falou do choro de Jesus pelo amigo. Jesus chora com amor, chora com os seus que choram, chora sempre por amor, tem um coração repleto de compaixão. Hoje, diante de um mundo que sofre por causa da pandemia – perguntou-se –, somos capazes de chorar como Jesus? Muitos choram hoje. Peçamos a graça de chorar.

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Jesus tinha amigos. Amava todos, mas tinha amigos com os quais mantinha uma relação especial, como se faz com os amigos, mais amor, mais confidência… E muitas, muitas vezes se detinha na casa destes irmãos: Lázaro, Marta, Maria… E Jesus condoeu-se com a doença e a morte de seu amigo. Chega ao sepulcro e se comove profundamente e estremecido interiormente perguntou: “Onde o colocastes?” E Jesus chorou. Jesus, Deus, mas homem, chorou. Em outra passagem no Evangelho se diz que Jesus chorou:  quando chorou sobre Jerusalém. E com quanta ternura Jesus chora! Chora de coração, chora com amor, chora com os seus que choram. O pranto de Jesus. Talvez, tenha chorado outras vezes na vida – não sabemos -; certamente no Horto das Oliveiras. Mas Jesus chora por amor, sempre.

Comoveu-se profundamente e estremecido chorou. Quantas vezes ouvimos no Evangelho esta comoção de Jesus, com aquela frase que se repete: “Vendo, teve compaixão”. Jesus não pode ver as pessoas e não sentir compaixão. Seus olhos são com o coração; Jesus vê com os olhos, mas vê com o coração e é capaz de chorar.

Hoje, diante de um mundo que sofre tanto, de tantas pessoas que sofrem as consequências desta pandemia, eu me pergunto: sou capaz de chorar, como certamente o faria Jesus e o faz agora Jesus? O meu coração, se assemelha ao de Jesus? E se é demasiadamente empedernido (mesmo se) sou capaz de falar, de fazer o bem, de ajudar, mas o coração não entra, não sou capaz de chorar, pedir esta graça ao Senhor: Senhor, que eu chore contigo, chore com o teu povo que sofre neste momento. Muitos choram hoje. E nós, deste altar, deste sacrifício de Jesus, de Jesus que não teve vergonha de chorar, peçamos a graça de chorar. Que hoje seja para todos nós o domingo do choro.

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).

30 de março de 2020 at 5:44 Deixe um comentário

Ramos e Paixão do Senhor – São Mateus 21, 1-11 e São Mateus 27, 11-54 – Dia 05 de abril de 2020

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Ramos – São Mateus 21, 1-11

“1.Aproximavam-se de Jerusalém. Quando chegaram a Betfagé, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos,* 2.dizendo-lhes: “Ide à aldeia que está defronte. Encon­tra­reis logo uma jumenta amarrada e com ela seu jumentinho. Desamarrai-os e trazei-mos. 3.Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei-lhe que o Senhor necessita deles e que ele sem demora os devolverá”. 4.Assim, neste acontecimento, cumpria-se o oráculo do profeta: 5.Dizei à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho da que leva o jugo (Zc 9,9). 6.Os discípulos foram e exe­cutaram a ordem de Jesus. 7.Trouxe­ram a jumenta e o jumentinho, cobriram-nos com seus mantos e fizeram-no montar. 8.Então, a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada. 9.E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: “Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”.* 10.Quando ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda a cidade, perguntando: “Quem é este?”. 11.A multidão respondia: “É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia”.”

Paixão do Senhor – São Mateus 27, 11-54 

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“11.Jesus compareceu diante do governador, que o interrogou: “És o rei dos judeus?”. “Sim” –, respondeu-lhe Jesus. 12.Ele, porém, nada respondia às acusações dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos. 13.Perguntou-lhe Pilatos: “Não ouves todos os testemunhos que levantam contra ti?”. 14.Mas, para grande admiração do governador, não quis responder a nenhuma acusação. 15.Era costume que o governador soltasse um preso a pedido do povo em cada festa de Páscoa. 16.Ora, havia naquela ocasião um prisio­neiro famoso, chamado Barra­bás. 17.Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: “Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?”. 18.(Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja.) 19.Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer: “Nada faças a esse justo. Fui hoje atormentada por um sonho que lhe diz respeito”. 20.Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse a libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus. 21.O governador tomou então a palavra: “Qual dos dois quereis que eu vos solte?”. Res­ponderam: “Barrabás!”. 22.Pilatos perguntou: “Que farei então de Jesus, que é chamado o Cristo?”. Todos responderam: “Seja crucificado!”. 23.O governador tornou a perguntar: “Mas que mal fez ele?”. E gritavam ainda mais forte: “Seja crucificado!”. 24.Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: “Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!”. 25.E todo o povo respondeu: “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!”. 26.Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado. 27.Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e rodearam-no com todo o pelotão. 28.Arrancaram-lhe as vestes e colocaram-lhe um manto escarlate. 29.Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e puseram-lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante dele, diziam com escárnio: “Salve, rei dos judeus!”. 30.Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça. 31.Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar. 32.Saindo, encontraram um ho­mem de Cirene, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus. 33.Chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é, lugar do crânio. 34.Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber.* 35.Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando à sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram à sorte (Sl 21,19). 36.Sentaram-se e montaram guarda. 37.Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o motivo de sua crucificação: “Este é Jesus, o rei dos judeus”. 38.Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. 39.Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: 40.“Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”. 41.Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: 42.“Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! 43.Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!”. 44.E os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam. 45.Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas. 46.Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte: “Eli, Eli, lammá sabactáni?” – o que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.* 47.A essas palavras, alguns dos que lá estavam diziam: “Ele chama por Elias”. 48.Imedia­tamente, um deles tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-lha na ponta de uma vara para que bebesse. 49.Os outros diziam: “Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-lo”. 50.Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou a alma. 51.E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas.* 52.Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram. 53.Saindo de suas sepulturas, entraram na cidade santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas. 54.O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, dian­te do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!”.”

Fonte – Bíblia Católica Online

“Com os ramos nas mãos, seguimos os passos de Jesus em sua entrada em Jerusalém e em seu percurso rumo à cruz. A solene liturgia nos introduz na Semana Santa, centro do grande acontecimento de nossa fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Acolhamos e bendigamos aquele que vem a nós como humilde servidor”. (Liturgia Diária)

O Papa Emérito Bento XVI disse que “o Domingo de Ramos é o grande portal de entrada na Semana Santa, a semana em que o Senhor Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da cruz, o trono donde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da redenção”.

O Papa Francisco disse assim: “Jesus entra em Jerusalém. A liturgia convidou-nos a intervir e participar na alegria e na festa do povo que é capaz de aclamar e louvar o seu Senhor; alegria que esmorece, dando lugar a um sabor amargo e doloroso depois que acabamos de ouvir a narração da Paixão. Nesta celebração, parecem cruzar-se histórias de alegria e sofrimento, de erros e sucessos que fazem parte da nossa vida diária como discípulos, porque consegue revelar sentimentos e contradições que hoje em dia, com frequência, aparecem também em nós, homens e mulheres deste tempo…”

“Frustando a expectativa messiânica da multidão, Jesus não entra entra em Jerusalém de forma triunfal, mas montado num jumentinho, o transporte dos pobres, afirmando assim seu messianismo pacífico, e cumprindo a profecia de Zacarias”. (Dia a Dia Ed. Paulus)

Dom Henrique Soares da Costa ensinou: “Os ramos que trazemos nas mãos significam que reconhecemos Jesus como o Messias de Israel, prometido por Deus. Significam também que nos dispomos a segui-lo como o Servo que dá a vida na cruz. Levaremos estes ramos para casa. Devemos guardá-los num lugar visível durante todo o ano, para recordar nosso compromisso de seguir o Cristo num caminho de humildade e despojamento…”

O Papa Francisco explicou: “As aclamações da entrada em Jerusalém e a humilhação de Jesus. Os gritos de festa e o encarniçamento feroz. Anualmente, este duplo mistério acompanha a entrada na Semana Santa com os dois momentos caraterísticos desta celebração: ao início, a procissão com os ramos de palmeira e de oliveira e, depois, a leitura solene da narração da Paixão”.

“O evangelho da Paixão segundo Mateus descreve o processo de julgamento e condenação do justo por excelência: Jesus. Os adversários, nesta hora, unem-se para acusar injustamente e condenar como subversivo o homem de Nazaré. Ele é vítima do império, que não admite contestação. A vida fiel ao Pai leva Jesus a não ter medo nem desistir da missão que Deus lhe confiara. Discípulo seu é aquele que o segue e permanece com Ele, mesmo diante dos perigos, e carrega a própria cruz”. (Liturgia Diária)

Mons. José Maria disse assim: “Terminada a procissão (de Ramos) mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por isso Deus o exaltou! No texto de  Mc 15,1-39, somos chamados a contemplar a PAIXÃO e a MORTE de Jesus. Que durante a Semana Santa possamos tirar muitos frutos da meditação da Paixão de Cristo”.

Dom Henrique Soares da Costa disse que : “aquilo que ele (Jesus) realizou na sua existência toda, acolhendo, perdoando, curando, restaurando a esperança… isto é, entregando-se a nós e por nós, agora ele vai consumar até a morte e morte de cruz! Acolher esse serviço é reconhecer que Cristo morreu por nós, por nós entregou sua vida… e, assim, ser-lhe grato de todo o coração, como Paulo, que exclamava: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Sejamos-lhe gratos: vivamos também nós por ele!”

O Padre César Augusto disse que “entramos na Semana Santa, onde aprofundaremos nosso conhecimento no amor de Cristo por nós e, consequentemente seremos agraciados com mais amor. Que possamos chegar à Páscoa da Ressurreição mais assemelhados ao Cristo obediente!”

Conclusão: (São Bernardo)

“Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora, crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são diferentes as vozes que agora o aclamam  Rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”

Oração: (Prefácio)

Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição
nos trouxe vida nova. Por ele, os anjos cantam vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória. Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, cantando (dizendo) a
uma só voz:

Jane Amábile – Com. Divino Espírito Santo

30 de março de 2020 at 5:43 Deixe um comentário

Terço da Batalha – Eliana Ribeiro

29 de março de 2020 at 8:27 Deixe um comentário

O Papa: se começa a ver pessoas com fome, a Igreja ajude quem sofre

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Na Missa na Casa Santa Marta este sábado (28/03), Francisco renovou sua oração pelas famílias que começam a sentir as consequências da pandemia do Covid-19. Na homilia, recordou os sacerdotes e as irmãs que não esqueceram pertencer ao povo e continuam ajudando pobres e doentes também neste período

VATICAN NEWS

Neste sábado (28/03), a 20ª Missa ao vivo em streaming da Capela da Casa Santa Marta presidida pelo Papa Francisco após a suspensão, na Itália, e em outros países, da celebração eucarística com a participação dos fiéis por causa da pandemia do coronavírus. O Papa leu a Antífona de entrada: “As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes infernais; na minha angústia, chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha voz” (Sl 17, 5-7). Na intenção de oração, dirigiu o seu pensamento àqueles que começam a sofrer as consequências econômicas desta crise de saúde:

Nestes dias, em algumas partes do mundo, foram evidenciadas consequências – algumas consequências – da pandemia; uma delas é a fome. Começa-se a ver pessoas que têm fome, porque não podem trabalhar, não têm um trabalho fixo, e por muitas circunstâncias. Já começamos a ver o “depois”, que virá mais tarde, mas começa agora. Rezemos pelas famílias que começam a passar necessidade por causa da pandemia.

Na homilia, comentando o Evangelho do dia (Jo 7,40-53), Francisco afirmou com veemência que os sacerdotes e as irmãs fazem muito bem ao sujar as mãos ajudando os pobres e os doentes, também neste período. A “classe” sacerdotal jamais deve tornar-se uma elite fechada num serviço religioso separado do povo, jamais deve esquecer pertencer ao povo e a ele servir.

A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

“E cada um voltou para sua casa”: após a discussão e tudo isso, cada um voltou às suas convicções. Há uma divisão no povo: o povo que segue Jesus o escuta – não se dá conta (do) muito tempo que passa o escutando, porque a Palavra de Jesus entra no coração –, e o grupo dos doutores da Lei que a priori rejeitam Jesus porque não opera segundo a Lei, segundo eles. São dois grupos de pessoas. O povo que ama Jesus, o segue e o grupo dos intelectuais da Lei, os chefes de Israel, os líderes do povo. Isso se vê claro “quando os guardas (do Templo) voltaram para os sumos sacerdotes e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem.” Então os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos deixastes enganar? Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!” Este grupo dos doutores da Lei, a elite, sente desprezo por Jesus. Mas também, sente desprezo pelo povo, “aquele povo”, que é ignorante, que não sabe nada. O santo povo fiel de Deus crê em Jesus, o segue, e esse grupinho de elite, os doutores da Lei, se separa do povo e não recebe Jesus. Mas, como é possível, se eles eram ilustres, inteligentes, tinham estudado? Mas tinham um grande defeito: tinham perdido a memória da própria pertença a um povo.

O povo de Deus segue Jesus… não sabe explicar por qual motivo, mas o segue e chega ao coração, e não se cansa. Pensemos no dia da multiplicação dos pães: estiveram o dia inteiro com Jesus, a ponto de os apóstolos dizerem a Jesus: “Despede-os, para que vá embora comprar o que comer”. Também os apóstolos se distanciavam, não os consideravam, não desprezavam, mas não consideravam o povo de Deus. “Que vá embora comer”. A resposta de Jesus: “Dai vós mesmos de comer a eles”. Reconduz os apóstolos ao povo.

Esta separação entre a elite dos dirigentes religiosos e o povo é um drama que vem de longe. Pensemos, também, no Antigo Testamento, na atitude dos filhos de Eli no Templo: usavam o povo de Deus; e se se vem a cumprir a Lei, alguns deles, um pouco ateus, diziam: “São supersticiosos”. O desprezo pelo povo. O desprezo por aquela gente “que não é educada com nós que estudamos, que sabemos…” Ao invés, o povo de Deus tem uma grande graça: o faro: o faro de saber onde o Espírito está. É pecador, como nós: é pecador. Mas tem aquele faro para conhecer os caminhos da salvação.

O problema da elite, dos clérigos de elite como estes, é que tinham perdido a memória da própria pertença ao povo de Deus; se sofisticaram, passaram a outra classe social, se sentem dirigentes. Isso é o clericalismo, que já se verificava ali. “Mas, como é possível – ouvi estes dias –, como é possível estas irmãs, estes sacerdotes que estão sadios vão levar comida aos pobres, e podem pegar o coronavírus? Diga à madre superiora que não deixe as irmãs saírem, diga ao bispo que não deixe os sacerdote saírem! Eles estão para os sacramentos! Mas para dar comida, que o governo providencie!” Disso se fala nestes dias: a mesma questão. “É gente de segunda classe: nós somos a classe dirigente, não devemos sujar nossas mãos com os pobres”.

Muitas vezes penso: é boa gente – sacerdotes, irmãs – que não têm a coragem de ir servir os pobres. Falta alguma coisa. O que faltava a esse povo, aos doutores da Lei. Perderam a memória, perderam aquilo que Jesus sentia no coração: que era parte do próprio povo. Perderam a memória daquilo que Deus disse a Davi: “Eu te peguei do rebanho”. Perderam a memória da própria pertença ao rebanho.

E estes, cada um, cada um voltou para sua casa. Uma divisão. Nicodemos, que conseguia ver algo – era um homem inquieto, talvez não muito corajoso, demasiadamente diplomático, mas inquieto –, tinha estado com Jesus, mas era fiel naquilo que podia; busca fazer uma mediação e parte da Lei: “Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez? Eles responderam, mas não responderam à pergunta sobre a Lei: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta.” E assim acabaram a história.

Pensemos também hoje em tantos homens e mulheres qualificados no serviço a Deus que são bons e vão servir o povo; muitos sacerdotes que não se separam do povo. Anteontem recebi uma fotografia de um sacerdote, pároco numa localidade de montanha, muitas pequenas localidades, num lugar onde cai neve, e na neve levava o ostensório às pequenas localidades para dar a bênção. Não se importava com a neve, não se importava com a ardência que o frio lhe dava nas mãos em contato com o metal do ostensório: somente se importava em levar Jesus ao povo. Pensemos, cada um de nós, de que parte estamos, se estamos no meio, um pouco indecisos, se estamos com o sentir do povo de Deus, do povo fiel de Deus que não pode falir: tem aquela infallibilitas in credendo. E pensemos na elite que se separa do povo de Deus, naquele clericalismo. E talvez nos faça bem a todos o conselho que Paulo dá a seu discípulo, o bispo, jovem bispo, Timóteo: “Recorda-te de tua mãe e de tua avó. Se Paulo aconselhava isso era porque bem sabia o perigo ao qual levava este sentido de elite em nossa direção.

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).

29 de março de 2020 at 5:44 Deixe um comentário

O mundo parou nesta sexta-feira

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Vatican News recorda algumas imagens do momento de oração, de união, de pertença, presidio pelo Santo Padre na Praça São Pedro.

Vatican News

O mundo parou nesta sexta-feira para rezar junto com o Papa Francisco pelo fim da pandemia do coronavírus que continua ceifando vida humanas em todas as partes do mundo. Numa Praça São Pedro completamente vazia, Francisco rezou com o mundo e na sua homilia nos recordou que “abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança”. Vatican News recorda algumas imagens deste momento de oração, de união, de pertença.

29 de março de 2020 at 5:41 Deixe um comentário

Reflexão para V Domingo da Quaresma

Cristo

Ele disse: “ Quem crê em mim, ainda que morra viverá, e quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre.”

Padre Cesar Augusto dos Santos, SJ

“Senhor como fonte da Vida”

O tema da liturgia deste domingo é o Senhor como fonte da Vida, como a própria Vida.

Este relato é uma catequese sobre a ressurreição. Faz parte do tradicionalmente chamado Livro dos Sinais, do qual é o sétimo e o último sinal realizado por Jesus, segundo o Evangelho de João.

A primeira leitura fala da reverificação de ossos ressequidos e o evangelho nos apresenta a belíssima cena conhecida como ressurreição de Lázaro. O Senhor mostra seu poder não para intimidar o ser humano, mas para salvá-lo, para trazê-lo à vida e devolver a alegria à sua família.

Se prestarmos bastante atenção nos gestos de Jesus, ele não restringe sua ação aos momentos limites como a morte, mas ele age trazendo a saúde, recuperando pessoas envolvidas com situações de morte, enfim perdoando o pecados. Ele, a Vida, recupera o que estava perdido.

Por isso, supliquemos ao Senhor da Vida que traga harmonia àquele casal que está com dificuldades no relacionamento conjugal, àquele jovem que perde sua vida nas drogas, àquele pai de família que gasta o dinheiro do sustento familiar nos jogos de azar, àquela moça que destrói sua vida através da prostituição.

Apresentemos ao Senhor aquelas mães que pensam em abortar a vida que Deus colaborou para que gerassem, aqueles médicos que desejam aliviar o sofrimento de seus pacientes agindo diretamente contra o dom divino da vida, e tantos outros casos que conhecemos. Só Deus poderá iluminar essas pessoas, mostrando-lhes o verdadeiro sentido da vida e dando-lhes coragem para enfrentar  com fé, esperança e caridade essas situações dificílimas.

O Senhor quer nos libertar de todas essas mortes e também daquela que leva nosso corpo para o cemitério, quer sinalizar que pode muito mais, que pode nos libertar da morte definitiva. Ele disse: “ Quem crê em mim, ainda que morra viverá, e quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre.”

A segunda leitura da liturgia de hoje nos apresenta Paulo dizendo que não morremos porque, no batismo, assumimos essa vida dada a nós, por Jesus, em sua cruz e ressurreição. A partir do batismo, da profissão de fé em Jesus, viveremos, mesmo que, aparentemente, estejamos mortos. Aí não será uma reanimação do corpo ou revivificação como em Lázaro, que voltou à vida e depois morreu de novo, mas ressurreição, ou seja, Jesus nos dá a vida sem fim e plena, sem doenças, sem drogas, sem desavenças.

Ele nos dará aquilo que desejamos: vida saudável, ao lado das pessoas queridas que amamos, ao lado do Pai, de Maria, de todos os santos, e para sempre. Essa vida já pode começar agora, se colocarmos em prática a renúncia à cultura de morte, renúncia feita no batismo e, simultaneamente, colocarmos também em prática a profissão de fé na cultura de vida trazida por Jesus.

Que a graça de Deus nos conduza à opção pela Vida, em todos os momentos de nossa caminhada. Que nossa religiosidade nos leve a colocar em prática a ordem de Jesus: “Desatai-o e deixai-o ir”. Desatemos os laços de morte que amarram a nós e a nossos irmãos, e caminhemos juntos para a vida, como filhos do mesmo Pai, como destinatários que somos todos nós da salvação trazida por Cristo Jesus, nosso Redentor!

28 de março de 2020 at 11:20 Deixe um comentário

O Papa reza a fim de que vençamos o medo neste tempo difícil

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Na Missa na Casa Santa Marta, esta quinta-feira (26/03), Francisco dirigiu seu pensamento aos anciãos sozinhos, aos trabalhadores precários e aos que realizam uma função social e podem ser acometidos pelo coronavírus. Na homilia, convidou a descobrir quais são os nossos ídolos, os ídolos do coração, muitas vezes escondidos. A idolatria nos faz todos perder os dons do Senhor

VATICAN NEWS

Na Missa ao vivo em streaming esta quinta-feira (26/03) da Capela da Casa Santa Marta, Francisco rezou a fim de que o Senhor nos ajude a vencer o medo neste tempo caracterizado pela pandemia do Covid-19. Estas, as suas palavras, introduzindo a celebração eucarística:

Nestes dias de tanto sofrimento, há tanto medo. O medo dos anciãos, que se encontram sozinhos, nas casas de repouso ou no hospital ou na casa deles e não sabem o que pode acontecer. O medo dos trabalhadores sem trabalho fixo que pensam como prover o alimento a seus filhos e veem a fome chegar. O medo de tantos agentes sociais que neste momento ajudam a sociedade a seguir adiante e podem pegar a doença. Também o medo – os medos – de cada um de nós: cada um sabe qual é o próprio. Rezemos ao Senhor a fim de que nos ajude a ter confiança e a tolerar e vencer os medos.

Na homilia, comentando a primeira leitura, extraída do livro do Êxodo (Ex 32,7-14), que conta o episódio do bezerro de ouro, Francisco falou dos ídolos do coração, ídolos por nós escondidos muitas vezes de modo astucioso, ressaltando que a idolatria nos faz perder tudo, nos faz perder os próprios dons do Senhor. A idolatria nos leva a uma religiosidade errônea. Em seguida, o Papa pediu para se fazer um exame de consciência para descobrir nossos ídolos escondidos. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Na primeira Leitura encontra-se a cena do amotinamento do povo. Moisés subiu ao Monte para receber a Lei: Deus a deu a ele, em pedra, escrita com seu dedo. Mas o povo se entediou e se comprimiu em torno a Aarão e disse: “Mas, este Moisés, faz tempo que não sabemos onde está, para onde foi e nós estamos sem guia. Faça-nos um deus que nos ajude a seguir adiante”. E Aarão, que depois será sacerdote de Deus, mas ali foi sacerdote da estupidez, dos ídolos, disse: “Sim, deem-me todo o ouro e a prata que têm”, e eles deram tudo e fizeram aquele bezerro de ouro.

No Salmo ouvimos o lamento de Deus: “Construíram um bezerro no Horeb e adoraram uma estátua de metal; eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, pela imagem de um boi que come feno”. E ai, neste momento, quando começa a Leitura: “O Senhor disse a Moisés: ‘Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido,
inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’” Uma verdadeira apostasia! Do Deus vivo à idolatria. Não teve paciência para esperar que Moisés retornasse: queriam novidades, queriam algo, espetáculo litúrgico, alguma coisa…

Gostaria de acenar algumas coisas sobre isso: Em primeiro lugar, aquela saudade idolátrica: neste caso, pensava nos ídolos do Egito, mas a saudade de voltar aos ídolos, voltar ao pior, não saber esperar o Deus vivo. Essa saudade é uma doença, também nossa. Inicia-se a caminhar com o entusiasmo de ser livres, mas depois começam as lamentações: “Mas sim, este é um momento duro, o deserto, tenho sede, quero água, quero carne… mas no Egito comíamos as cebolas, as coisas boas e aqui não se tem…” Sempre, a idolatria é seletiva: leva você a pensar nas coisas boas que lhe dá, mas não o deixa enxergar as coisas ruins. Neste caso, eles pensavam como era quando estavam à mesa, com essas refeições tão boas das quais gostavam tanto, mas esqueciam que aquela mesa era a mesa da escravidão.

A idolatria é seletiva.

Depois, outra coisa: a idolatria faz você perder tudo. Aarão, para fazer o bezerro, pede ouro: “Deem-me ouro e prata”: mas era o ouro e a prata que o Senhor tinha dado a eles, quando lhes disse: “Peçam ouro emprestado aos egípcios”, e depois foram embora com o ouro. É um dom do Senhor e com o dom do Senhor fazem o ídolo. E isso é muito feio. Mas esse mecanismo acontece também conosco: quando temos atitudes que nos levam à idolatria, somos apegados a coisas que nos distanciam de Deus, porque nós fazemos outro deus e o fazemos com os dons que o Senhor nos deu. Com a inteligência, com a vontade, com o amor, com o coração… são os próprios dons do Senhor que nós usamos para fazer a idolatria.

Sim, alguém de vocês pode me dizer: “Mas eu não tenho ídolos em casa. Tenho o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, que não são ídolos…” – Não, não: no seu coração. E a pergunta que hoje devemos fazer é: qual é o ídolo que você tem no seu coração, no meu coração. Aquela saída escondida onde me sinto bem, que me distancia do Deus vivo. E nós temos também um atitude, com a idolatria, muito astuto: sabemos esconder os ídolos, como fez Raquel quando fugiu de seu pai e os escondeu na sela do camelo e entre as roupas. Também nós, entre as nossas roupas do coração, escondemos muitos ídolos.

A pergunta que gostaria de fazer hoje é: qual é o meu ídolo? Aquele meu ídolo do mundanismo… e a idolatria chega também à piedade, porque eles queriam o bezerro de ouro não para fazer um circo: não. Para fazer adoração. “Prostraram-se diante dele”. A idolatria leva você a uma religiosidade errônea, aliás: muitas vezes o mundanismo, que é uma idolatria, faz você mudar a celebração de um sacramento numa festa mundana. Um exemplo: não sei, penso, pensemos, não sei, uma celebração de casamento. Você não sabe se é um sacramento onde realmente os recém-casados dão tudo e se amam diante de Deus e prometem ser fiéis diante de Deus e recebem a graça de Deus, ou se é uma exposição de modelos, como um e o outro estão vestidos e o outro… o mundanismo. É uma idolatria. Isso é um exemplo. Porque a idolatria não cessa: segue sempre adiante.

Uma passagem da homilia do Papa Francisco

Hoje a pergunta que eu gostaria de fazer a todos nós, a todos: quais são os meus ídolos? Cada um tem os seus. Quais são os meus ídolos. Onde os escondo. E que o Senhor não nos encontre, no final da vida, e diga de cada um de nós: “Você se corrompeu. Você se distanciou do caminho que eu tinha indicado. Você se prostrou diante de um ídolo”.

Peçamos ao Senhor a graça de conhecer nossos ídolos. E se não podemos expulsá-los, ao menos os coloquemos de lado…

Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.

A seguir, a oração recitada pelo Santo Padre:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antiga antífona mariana Ave Regina Caelorom (“Ave Rainha dos Céus”).

28 de março de 2020 at 5:44 1 comentário

Papa Francisco: Abraçar o Senhor para abraçar a esperança

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Com o cenário inédito da Praça São Pedro vazia com o Papa Francisco diante da Basílica Vaticana, o Pontífice afirmou que é “diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos”. Francisco falou ainda da ilusão de pensar :que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente”.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Abraçar o Senhor para abraçar a esperança: esta é a mensagem do Papa Francisco aos fiéis de todo o mundo que, neste momento, se encontram em meio à tempestade causada pela pandemia do coronavírus.

Diante de uma Praça São Pedro completamente vazia, mas em sintonia com milhões de pessoas através dos meios de comunicação, o trecho escolhido para a oração dos féis foi a tempestade acalmada por Jesus, extraído do Evangelho de Marcos.

E foi esta passagem bíblica que inspirou a homilia do Santo Padre, que começa com o “entardecer…”.

“Há semanas, parece que a tarde caiu. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e de um vazio desolador… Nos vimos amedrontados e perdidos.”

Estamos todos no mesmo barco

Estes mesmos sentimentos, porém, acrescentou o Papa, nos fizeram entender que estamos todos no mesmo barco, “chamados a remar juntos”.

Neste mesmo barco, seja com os discípulos, seja conosco agora, está Jesus. Em meio à tempestade, Ele dorme – o único relato no Evangelho de Jesus que dorme – notou Francisco. Ao ser despertado, questiona: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).

“A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.”

A ilusão de pensar que continuaríamos saudáveis num mundo doente

Com a tempestade, afirmou o Papa, cai o nosso “ego” sempre preocupado com a própria imagem e vem à tona a abençoada pertença comum que não podemos ignorar: a pertença como irmãos.

“Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»”

O Senhor então nos dirige um apelo, um apelo à fé. Nos chama a viver este tempo de provação como um tempo de decisão: o tempo de escolher o que conta e o que passa, de separar aquilo que é necessário daquilo que não é. “O tempo de reajustar a rota da vida rumo ao Senhor e aos outros.”

A heroicidade dos anônimos

Francisco cita o exemplo de pessoas que doaram a sua vida e estão escrevendo hoje os momentos decisivos da nossa história. Não são pessoas famosas, mas são “médicos, enfermeiros, funcionários de supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”.

“É diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos”, afirmou o Papa, que recordou que a oração e o serviço silencioso são as nossas “armas vencedoras”.

A tempestade nos mostra que não somos autossuficientes, que sozinhos afundamos. Por isso, devemos convidar Jesus a embarcar em nossas vidas. Com Ele a bordo, não naufragamos, porque esta é a força de Deus: transformar em bem tudo o que nos acontece, inclusive as coisas negativas. Com Deus, a vida jamais morre.

Temos uma esperança

Em meio à tempestade, o Senhor nos interpela e pede que nos despertemos. “Temos uma âncora: na sua cruz fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor.”

Abraçar a sua cruz, explicou o Papa, significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e posse, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. “Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança.” Aqui está a força da fé e que liberta do medo. Francisco então concluiu:

“Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vocês, como um abraço consolador, a bênção de Deus.”

Ao final da homilia, o Pontífice adorou o Santíssimo e concedeu a bênção Urbi et Orbi, com anexa a Indulgência Plenária.

28 de março de 2020 at 5:37 Deixe um comentário

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