Posts tagged ‘Advento’

«És tu Aquele que havia de vir?»

O Senhor, sabendo que sem o Evangelho ninguém pode ter uma fé plena – porque se a Bíblia começa pelo Antigo Testamento, é no Novo que ela atinge a perfeição –, não esclarece as questões que Lhe colocam acerca dele próprio por palavras, mas apontando os seus atos. «Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho; e feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de queda». Este testemunho é completo porque foi acerca dele que foi profetizado: «O Senhor liberta os prisioneiros; o Senhor dá vista aos cegos; o Senhor levanta os caídos. […] O Senhor reinará eternamente» (Sl 145,7s). Estas são marcas de um poder que não é humano, mas divino. […] Contudo, estes atos são pequenos exemplos do testemunho trazido por Cristo. O que funda a plenitude da fé é a cruz do Senhor, a sua morte, o seu sepulcro. É por isso que, depois da resposta que citamos, Ele acrescenta: «E feliz daquele que não encontrar em Mim ocasião de queda». Com efeito, a cruz podia provocar a queda dos próprios escolhidos, mas não há testemunho maior de uma pessoa divina, nada que mais ultrapasse as forças humanas, que esta oferta de um só pelo mundo inteiro. É só assim que o Senhor Se revela plenamente. Aliás, é assim que João O designa: «Eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29).

Homilia de Santo Ambrósio

Fonte: Evangelho Quotidiano

16 de dezembro de 2020 at 5:44 Deixe um comentário

«Não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias»

As relíquias das “Sandálias de Cristo” na Basílica de Prüm.

“Então veio Jesus da Galileia ter com João ao Jordão para ser batizado por ele. João opunha-se, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti”» (Mt 3,13-14)]. Na tua presença, Senhor Jesus, não posso calar-me, porque sou a voz, a voz que clama no deserto: «Preparai o caminho do Senhor». Sou eu que tenho necessidade de ser batizado por Ti e Tu vens a mim? […] Tu, que eras no princípio, Tu, que estavas em Deus e eras Deus (cf Jo 1,1); Tu, que és o resplendor da glória do Pai e a imagem da sua substância (cf Heb 1,3); Tu, que, quando estavas no mundo, vieste aonde já estavas; Tu, que Te fizeste carne a habitaste entre nós (cf Jo 1,14; 14,23), e tomaste a condição de servo (cf Fil 2,7); Tu, que uniste a Terra e o Céu pelo teu santo nome – és Tu que vens a mim? Tu, que és grande, ao pobre que eu sou? O Rei ao precursor, o Senhor ao servo? […] Conheço o abismo que separa a Terra do Criador. Sei que diferença há entre o pó da terra e Aquele que o modelou (cf Gn 2,7). Sei quão longe está de mim o teu sol de justiça, de mim que sou apenas a lâmpada da tua graça (cf Mal 3,20; Jo 5,35). E, embora Te encontres revestido pela nuvem puríssima do teu corpo, reconheço a minha condição de servo e proclamo a tua magnificência. «Não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias»; como ousaria, pois, tocar o alto imaculado da tua cabeça? Como ousaria estender a mão para Ti, que «estendeste os céus como um pavilhão» e «estendeste a terra sobre as águas» (cf Sl 103,2; 135,6)? […] Que oração farei sobre Ti, que até as preces daqueles que Te ignoram acolhes?

Homilia de São Gregório 

Fonte: Evangelho Quotidiano

10 de dezembro de 2020 at 5:56 Deixe um comentário

João Batista, precursor de Cristo na morte como na vida

São João Batista - Modelo do perfeito devoto de Maria - Campanha Vinde  Fátima

Por que razão, quando é feito prisioneiro, João Batista envia os seus discípulos perguntar a Cristo: «És Tu Aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?», como se não soubesse quem era Aquele que lhes tinha apresentado? […] Esta pergunta depressa encontra resposta se examinarmos o tempo e a ordem com que se desenrolaram os factos. Nas margens do Jordão, João afirma que Jesus é o Redentor do mundo (Jo 1,29); contudo, uma vez na prisão, pergunta se Ele é Aquele que havia de vir. Não é que duvide de que Jesus seja o Redentor do mundo, mas quer saber se Aquele que veio em pessoa ao mundo vai também descer em pessoa às prisões da mansão dos mortos. Porque João também precederá nos infernos, com a sua morte, Aquele que anunciou ao mundo enquanto precursor. […] É como se dissesse claramente: «Da mesma forma que Te dignaste nascer pelos homens, diz-nos se Te dignarás também morrer por eles, de tal forma que, tendo sido precursor do teu nascimento, eu o seja também da tua morte e possa anunciar na mansão dos mortos que Tu vais vir, tal como anunciei ao mundo que Tu tinhas vindo». É por isso que a resposta do Senhor fala da humilhação da sua morte logo após ter enumerado os milagres operados pelo seu poder: «Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». À vista de tantos sinais e de tão grandes prodígios, ninguém tinha razão para se escandalizar, antes para se admirar. Surgiu contudo uma grave ocasião de escândalo no espírito dos que não acreditaram quando O viram morrer, mesmo depois de tantos milagres. Donde a palavra de Paulo: «Pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios» (1Cor 1,23). […] Portanto, quando o Senhor diz: «Bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo», estará provavelmente a referir-se à abjeção e humilhação da sua morte. É como se dissesse abertamente: «É certo que faço coisas admiráveis, mas nem por isso Me recusarei a sofrer coisas ignominiosas. Uma vez que vou seguir João, morrendo, que os homens não desprezem em Mim a morte depois de terem venerado os milagres».

Homilia de São Gregório Magno

Fonte: Evangelho Quotidiano

4 de dezembro de 2020 at 6:09 Deixe um comentário

As duas vindas de Cristo

Coroa do Advento

Aquando da sua primeira vinda, Deus veio sem brilho, desconhecido da maioria, prolongando durante longos anos o mistério da sua vida oculta. Quando desceu do monte da Transfiguração, Jesus pediu aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Cristo. Vinha como pastor à procura da ovelha perdida e, para recuperar esse animal rebelde, tinha de permanecer oculto. Tal como um médico que tenta não assustar o seu doente na primeira consulta, também o Salvador evitou dar-Se a conhecer logo no início da sua missão, só o fazendo pouco a pouco. O profeta tinha predito esta vinda sem brilho nestes termos: «Descerá como a chuva sobre um velo e como a água que corre gota a gota sobre a terra» (Sl 71,6). Ele não rasgou o firmamento para vir sobre as nuvens, mas veio em silêncio, permanecendo nove meses oculto no seio de uma Virgem. Nasceu num presépio, como filho de um humilde operário. […] Andou dum lado para o outro como um homem normal; as suas vestes eram simples, a sua mesa frugal. Caminhava sem parar, a ponto de ficar cansado. Mas a segunda vinda não será assim. Ele virá com tanto brilho que nem terá de anunciar a sua chegada: «Como o relâmpago que parte do Ocidente e aparece no Oriente, assim será a vinda do Filho do homem» (Mt 24,27). Este será o tempo do julgamento e da sentença, em que o Senhor não aparecerá como médico, mas como juiz. […] David, o rei-profeta, fala de um esplendor, de um brilho e de um fogo irradiando em todas as direções: «Um fogo caminhará diante dele e à sua volta rugirá violenta tempestade» (Sl 49,3). Todas estas comparações pretendem fazer-nos compreender a soberania de Deus, a luz intensa que O rodeia e a sua natureza inacessível.    

Homilia de São João Crisóstomo 

29 de novembro de 2020 at 6:08 Deixe um comentário

Pregação de Advento: dizer “sim” a Deus exalta a dignidade humana

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A pregação desta sexta foi dedicada à Anunciação. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38)”.

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana participaram na manhã desta sexta-feira (06/12), na capela Redemptoris Mater da Primeira pregação do Advento.

O pregador da Casa Pontifícia, Fr. Raniero Cantalamessa escolheu como tema das pregações de Advento um trecho do Evangelho de Mateus (2, 11): “Viram o menino com Maria, sua mãe” – Rumo ao Natal, acompanhados pela Mãe de Deus.

Maria não celebrou, mas viveu o Advento

Cada ano, explicou o frade italiano, a liturgia nos prepara para o Natal com três grandes guias: Isaías, João Batista e Maria; o profeta, o precursor, a mãe.

O primeiro o anunciou de longe, o segundo o apontou presente no mundo, a mãe o trouxe no ventre. “Para este Advento de 2019, pensei em nos confiar inteiramente à Mãe”, introduziu o Fr. Cantalamessa.

Ninguém melhor do que Ela pode nos predispor a celebrar o nascimento do Redentor. Ela não celebrou o Advento, viveu-o em sua carne; como toda mulher gestante, sabe o que significa estar “à espera” e pode nos ajudar a viver este Advento com uma fé cheia de espera.

Fr. Cantalamessa dividiu as pregações em três momentos nos quais a Escritura apresenta Maria no centro dos acontecimentos: a Anunciação, a Visitação e o Natal.

Ato de fé mais decisivo da história

A pregação desta sexta foi dedicada à Anunciação. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38).”

Com estas poucas e simples palavras, afirmou o frade italiano, realizou-se o maior e mais decisivo ato de fé na história do mundo. Esta palavra de Maria representa o cume de qualquer comportamento religioso perante Deus, porque expressa, da maneira mais elevada, a passiva disponibilidade unida à ativa prontidão, o vazio mais profundo acompanhado da maior plenitude.

“Creiamos também nós! A contemplação da fé de Maria leva­-nos a renovar, antes de tudo, o nosso ato pessoal de fé e de abandono em Deus.”

Eis a importância decisiva de dizer a Deus, uma vez na vida, um “faça-se, fiat”, como o de Maria. Quando isso acontece, temos um ato envolto no mistério, porque implica, ao mesmo tempo, graça e liberdade; é uma espécie de concepção. A criatura não pode fazer este ato sozinha; por isso, Deus a ajuda, sem tirar sua liberdade.

“O que se precisa, pois, fazer?”, questionou o frade franciscano. É simples: depois de ter rezado, é preciso dizer a Deus com as mesmas palavras de Maria: “Eis aqui o servo, ou a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra!”.

“Sim, meu Deus, digo amém a todo o teu projeto, entrego-me a ti!”

“Fiat” com desejo e alegria

Porém, advertiu o Fr. Cantalamessa, é preciso lembrar que Maria disse o seu “fiat” com desejo e alegria.

Quantas vezes repetimos essas palavras num estado de espírito de resignação mal encoberta, como que baixando a cabeça e cerrando os dentes: “Se não há outro jeito, então faça-se a tua vontade!”.

“Maria ensina-nos a dizê-lo de maneira diferente. Sabendo que a vontade de Deus a nosso respeito é infinitamente mais bela e mais rica de promessas do que qualquer projeto nosso.”

Como Maria, devemos dizer cheios de desejo e quase com impaciência: “Seja logo realizada em mim, ó Deus, a tua vontade de amor e de paz!”.

“Com isso, a vida humana atinge seu sentido e sua mais alta dignidade. Dizer ‘sim’, ‘amém’ a Deus, não humilha a dignidade do homem, como às vezes se pensa hoje, mas a exalta.”

7 de dezembro de 2019 at 5:43 Deixe um comentário

Advento

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Preparemo-nos para receber o Senhor

O ano litúrgico tem início com o Advento. Quando esperamos alguém importante para nós, querendo demonstrar-lhe nosso muito apreço, esforçamo-nos para preparar a sua chegada. É este o sentido do Advento: aguardamos a chegada do nosso Deus, o Verbo de Deus feito homem, o Emanuel, o Deus conosco. Comemoramos a Sua primeira vinda, na esperança vivificante que anima o nosso dia a dia, aguardando a Sua segunda vinda no fim dos tempos.

O Advento, em geral, é composto por quatro semanas…As semanas do Advento constituem uma escola prática de solidariedade, que ensina os olhos a ver, os ouvidos a escutar e o coração a abrir-se à ternura e ao amor, de forma a transmitir a esperança cristã, e o homem acredite que Deus está conosco. Emanuel, Ele veio e continua a vir.

São três as grandes figuras deste tempo: Isaías, o profeta universalista, o dos tempos messiânicos, aquele que soube compreender as esperanças dos pobres e a esperança num mundo diferente, proveniente de Deus; João Batista, o “mais do que um profeta”, o maior entre os filhos de uma mulher, “a voz que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’”; Maria, a agraciada por Deus, a serva do Senhor, a cheia do Espírito Santo, a Mãe do Senhor, a concretização das esperanças do povo.

A cor litúrgica é o roxo simbolizando o tempo de recolhimento e de expectativa, com algo de ansiedade e nostalgia. O terceiro domingo do Advento (Gaudete, alegrai-vos), vem alertar-nos para a alegria que sempre deve invadir o nosso coração: Jesus Cristo já veio, colocou sua morada entre nós e prometeu para sempre estar conosco.

O tempo do Advento é tempo de mudança e de conversão. Ao encontrar Jesus Menino, não podemos ficar indiferentes. Nas palavras de Santo Agostinho: “Deus humanizou-se para que o homem possa se divinizar”. Neste Advento, preparemo-nos para receber o Senhor, mediante uma espera paciente e uma sincera conversão. Bom e frutuoso Advento!

Dom Washington Cruz, CP

Arcebispo Metropolitano de Goiânia

O Advento iniciou-se no domingo passado, 1 de dezembro, e irá se prolongar até 24 de dezembro, véspera do Natal do Senhor.

4 de dezembro de 2019 at 5:45 Deixe um comentário

Tempo do Advento

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“O tempo do advento, convida-nos a preparar-nos para celebrar o Natal numa dupla prospectiva: na primeira parte do tempo do advento a liturgia convida-nos a nos prepararmos para acolher o Cristo que virá no fim dos tempos e levará à plenitude o seu reino, como Ele nos prometeu. Ele virá julgar os vivos e os mortos, como rezamos no Credo”, afirmou o Cardeal. Dom Raymundo acrescentou que na última semana, antes do Natal, a liturgia nos convida a contemplar e a meditar sobre o mistério da encarnação, o nascimento de Jesus, a primeira vinda do Filho de Deus, ocorrida há mais de dois mil anos. “Neste tempo do advento, a liturgia apresenta-nos alguns personagens que devem nos ajudar a iluminar a nossa realidade e a vivê-la segundo o projeto de Deus: Isaias, João Batista, José e a Virgem Maria. O texto de hoje é uma das mais belas e comoventes orações do Antigo Testamento”, completou.

Texto de Dom Raymundo Damasceno Assis (28\11\2011)

28 de novembro de 2019 at 5:38 Deixe um comentário

Papa Francisco: o Advento nos indica o essencial da vida, encontrar Cristo nos irmãos

A tradicional coroa do Advento com as quatro velas

A tradicional coroa do Advento com as quatro velas 
O Advento é o tempo que nos foi dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para reconhecê-lo nos irmãos e para aprender a amar. Repropomos algumas catequeses do Papa Francisco para aprofundar o significado deste tempo que dá início ao novo ano litúrgico

Cidade do Vaticano

Neste domingo inicia o Tempo do Advento que terá seu ápice no Natal. No Angelus de 3 de dezembro do ano passado, Papa Francisco explicou que “O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expectativa de o encontrar”.

As três visitas do Senhor

São as três visitas do Senhor à humanidade (Angelus, 27 de novembro de 2016): “A primeira visita foi a Encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece no presente: o Senhor visita-nos continuamente, todos os dias, caminha ao nosso lado e é uma presença de consolação; por fim, teremos a terceira, a última visita”, o encontro com Cristo no Juízo Final, que o Papa recorda citanto o capítulo 25 do Evangelho de Mateus: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”. Na noite da vida seremos julgados no amor.

Atentos e vigilantes para acolher as ocasiões para amar

O convite de Jesus no Tempo do Advento é para estarmos atentos e vigilantes, para não desperdiçar as ocasiões de amor que nos doa: “A pessoa atenta é a que, em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros. Com esta atitude percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas capacidades e qualidades humanas e espirituais”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)

No mundo, mas não do mundo

O Advento nos faz olhar para o céu, mas com os pés na terra: “A pessoa atenta também se preocupa com o mundo, procurando contrastar a indiferença e a crueldade presentes nele, e alegrando-se pelos tesouros de beleza que contudo existem e devem ser preservados. Trata-se de ter um olhar de compreensão para reconhecer quer as misérias e as pobrezas dos indivíduos e da sociedade, quer a riqueza escondida nas pequenas coisas de cada dia, precisamente ali onde nos colocou o Senhor. A pessoa vigilante é a que aceita o convite a vigiar, ou seja, a não se deixar dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão; e ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e atrás das quais, por vezes, se sacrificam tempo e serenidade pessoal e familiar”. (Angelus, 3 de dezembro de 2017)

“ Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a ‘desviar para longe dos caminhos do Senhor’, perdidos nos nossos pecados e nas nossa infidelidades; estar atentos e ser vigilantes são as condições para permitir que Deus irrompa na nossa existência, para lhe restituir significado e valor com a sua presença cheia de bondade e ternura ”

As boas batalhas da fé

Com o tempo do Advento recomeça o nosso caminho para o Senhor. Um caminho feito de alegria, mas também de dores, de luz mas também de escuro. O caminho torna-se um combate, é a boa batalha da fé. Papa Francisco afirma: “Deus é mais poderoso e mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades. Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E será uma palavra de amor e de paz”. (Homilia do Primeiro Domingo do Advento na Catedral de Bangui, 29 de novembro de 2015)

A coisa mais importante é o encontro com o Senhor

O Advento no indica o essencial da vida. “A relação com o Deus que vem visitar-nos confere a cada gesto, a todas as coisas uma luz diversa, uma importância, um valor simbólico. Desta perspetiva vem também um convite à sobriedade, a não sermos dominados pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais, mas antes a governá-las. Se, ao contrário, nos deixarmos condicionar e dominar por elas, não podemos perceber que há algo muito mais importante: o nosso encontro final com o Senhor: e isto é importante. Aquele, aquele encontro. E as coisas de todos os dias devem ter este horizonte, devem ser orientadas para aquele horizonte. Este encontro com o Senhor que vem por nós”. (Angelus, 27 de novembro de 2016)

Maria nos conduz pela mão de Jesus

Papa Francisco confia a humanidade à Maria: “Nossa Senhora, Virgem do Advento, nos ajude a não nos considerarmos proprietários da nossa vida, a não opormos resistência quando o Senhor vem para a mudar, mas a estar preparados para nos deixarmos visitar por Ele, hóspede esperado e agradável mesmo se transtorna os nossos planos”. (Angelus, 27 de novembro de 2017)

11 de dezembro de 2018 at 5:38 Deixe um comentário

Pregação de Advento do Padre Raniero Cantalamessa

Pregação de Advento

Pregação de Advento  (Vatican Media)

“Tema da pregação do Frei Cantalamessa “Deus existe”! O capuchinho fez sua primeira pregação de Advento, na manhã desta sexta-feira (07/12), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, na presença do Santo Padre e da Cúria Romana.

Cidade do Vaticano

Em sua primeira meditação, neste tempo litúrgico de Advento, em preparação ao Santo Natal, o Pregador da Casa Pontifícia refletiu sobre o tema “Deus existe”!

Devido às nossas inúmeras tarefas e compromissos, problemas a serem resolvidos e desafios a serem superados, disse o Capuchinho, corremos o risco de perder de vista a nossa relação pessoal com Deus e com Cristo.

Experiência com Deus

No entanto, sabemos, por experiência, que um relacionamento pessoal genuíno com Deus é a primeira condição para enfrentarmos as situações e problemáticas do nosso dia a dia, sem perder a paz e a paciência.

Por isso, o tema das homilias de Advento do Pregador é extraído do Salmo: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo“!

Os homens do nosso tempo buscam, sem cessar, sinais da existência de seres vivos e inteligentes em outros planetas. É uma busca legítima e compreensível. Entretanto, poucos buscam os sinais daquele Ser que criou o Universo, que entrou na história e vive nela.

Quantas vezes somos obrigados a dizer a Deus, como Santo Agostinho: “Estavas comigo, mas eu não estava contigo”. Deus nos busca e vai ao nosso encontro desde a criação do mundo e continua a perguntar: “Adão, onde você está?”

Hoje, devemos apoiar-nos na palavra de Jesus “Buscai e achareis. Batei e vos será aberto“. Ele promete dar a si mesmo, para além das coisas fúteis que lhe pedimos, e mantém a sua promessa.

Retornar às coisas!

A Bíblia apresenta inúmeras passagens que falam de Deus vivo e nós, por nossa parte, sentimos a necessidade de um retorno à nossa “realidade” de fé em Deus.

Talvez, até agora, não entendemos o profundo significado da verdadeira existência de Deus em nossa vida, como aconteceu com tantos pensadores e filósofos. A expressão que melhor explica este significado é “dar-nos conta” ou abrir os olhos sobre a existência de Deus na nossa história.

A presença de Deus

Deus revelou seu nome: “Eu sou aquele que sou”! “Eu sou o Deus vivo”! Mas, então, qual o significado real de Deus vivo?

O Pregador da Casa Pontifícia tentou responder a esta pergunta traçando um perfil do Deus vivo, a partir da Bíblia, mas percebeu que isso seria uma loucura: descrever Deus vivo, delinear seu perfil, até mesmo através da Bíblia, seria muito redutivo.

O que podemos fazer, em relação ao Deus vivo, explicou Frei Cantalamessa, é ir além dos sinais que os homens traçaram sobre Ele. E citando Santo Agostinho, disse que devemos acreditar em um Deus que vai além daquele que acreditamos!

Deus é a minha rocha, a nossa rocha, a “rocha da nossa salvação”.

Os primeiros Setenta tradutores da Bíblia, diante de uma imagem tão material de Deus, que parecia rebaixá-lo, substituíram o termo “rocha” como força, refúgio, salvação. Rocha não se refere apenas a Deus, mas também ao que devemos ser. Se Deus é rocha, o homem é um “alpinista”.

O Pregador da Casa Pontifícia concluiu sua primeira meditação afirmando: “Deus existe e basta!” Aprendamos, também nós, a repetir estas simples palavras em nossa vida!

Tradução Thácio Siqueira

7 de dezembro de 2018 at 10:16 Deixe um comentário

Papa: no Advento, buscar a paz interior e exterior sem ferir os outros

Papa celebra a missa na Casa Santa MartaPapa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)

Celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta, o Papa recordou que o Advento é um tempo para pedir a paz na própria alma, na família e no mundo. Para sermos “artesãos da paz”.

Debora Donnini – Cidade do Vaticano

Preparar-se para o Natal buscando construir a paz na própria alma, na família e no mundo. Esta foi a exortação do Papa Francisco na homilia da Missa na Casa Santa Marta (04/12). Fazer a paz – recordou – é um pouco como imitar Deus, fazendo-se humilde, sem falar mal dos outros ou feri-los. A reflexão do Pontífice foi inspirada na Primeira Leitura (Isaías 11,1-10) e no Evangelho (Lc 10,21-24).

Nas palavras de Isaías, há uma promessa de como serão os tempos quando o Senhor virá: “o Senhor fará a paz” e “tudo estará em paz”, recordou o Papa. Isaías o descreve com “imagens um pouco bucólicas”, mas belas: “o lobo e o cordeiro viverão juntos”, “o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito” “e uma criança os guiará”. Isso significa – explicou Francisco – que Jesus doa uma paz capaz de transformar a vida e a história e, por isso, é chamado “Príncipe da paz”, porque vem para nos oferecer esta paz.

Pedir ao Príncipe da paz de nos pacificar a alma

Portanto, o tempo do Advento é justamente “um tempo para nos preparar a esta vinda do Príncipe da paz. É um tempo para nos pacificar”, exortou o Papa. Antes de tudo, trata-se de uma pacificação “conosco, pacificar a alma”. “Muitas vezes, nós não estamos em paz”, mas ansiosos”, “angustiados, sem esperança”. E a pergunta que o Senhor nos faz é: “Como está a sua alma hoje? Está em paz?”. Se não estiver, o Papa exorta a pedir ao Príncipe da paz que a pacifique para se preparar ao encontro com Ele. Nós “estamos acostumados a olhar para a alma dos outros”, mas – este é o convite de Franccisco – “olhe para a própria alma”.

Pacificar a família: existem pontes ou muros?

Depois, é preciso “pacificar a casa”, a família. “Existem muitas tristezas nas famílias, muitas lutas, tantas pequenas guerras, desunião”, afirmou ainda Francisco, convidando, também neste caso, a perguntar-se se a própria família está em paz ou em guerra, se um está contra o outro, se há desunião, se existem pontes “ou muros que nos separam”.

O terceiro âmbito que o Papa pede para pacificar é o mundo onde “há mais guerra do que paz”, “há tanta guerra, tanta desunião, tanto ódio, tanta exploração. Não há paz”:

Que faço para ajudar a paz no mundo? “Mas o mundo é demasiado distante, padre”. Mas o que faço para ajudar a paz no bairro, na escola, no local de trabalho? Eu dou sempre qualquer desculpa para entrar em guerra, para odiar, para falar mal dos outros? Isso é fazer a guerra! Sou manso? Busco fazer pontes? Não condeno? Vamos perguntar para as crianças: “O que você faz na escola? Quando há um colega que você não gosta, é um pouco odioso ou é fraco, você faz bullying ou faz as pazes? Procura fazer as pazes? Perdoo tudo?”. Artesão da paz. É necessário este tempo de Advento, de preparação para a vinda do Senhor, que é o Príncipe da paz.

A paz sempre vai avante, nunca está parada, “é fecunda”, “começa na alma e depois volta à alma após fazer todo este caminho de pacificação”, evidenciou ainda o Papa:

E fazer as pazes é um pouco como imitar Deus, quando quis fazer as pazes conosco e nos perdoou, nos enviou Seu Filho para fazer a paz, a ser o Príncipe da paz. Alguém pode dizer: “Mas, padre, eu não estudei como se faz a paz, não sou uma pessoa culta, não sei, sou jovem, não sei …”. Jesus no Evangelho nos diz qual deve ser a atitude: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos”. Você não estudou, não é sábio… Faça-se pequeno, faça-se humilde, faça-se servidor dos outros. Faça-se pequeno e o Senhor lhe dará a capacidade de entender como se faz a paz e a força para fazê-la.

A oração neste tempo de Advento, portanto, deve ser “pacificar”, viver em paz na nossa alma, na família, no bairro:

E todas as vezes que nós vemos que existe a possibilidade de uma pequena guerra, seja em casa, seja no meu coração, seja na escola, no trabalho, parar e buscar fazer as pazes. Nunca, nunca ferir o outro. Nunca. “E padre, como posso começar para não ferir o outro?” – “Não falar mal dos outros, não lançar o primeiro canhão”. Se todos nós fizermos isso – não falar mal dos outros – a paz irá avante. Que o Senhor nos prepare o coração para o Natal do Príncipe da paz. Mas nos prepare fazendo o possível, da nossa parte, para pacificar: pacificar o meu coração, a minha alma, pacificar a minha família, a escola, o bairro, o local de trabalho. Homens e mulheres de paz.

6 de dezembro de 2018 at 5:40 Deixe um comentário

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