A devoção ao Imaculado Coração de Maria

8 de junho de 2024 at 5:47 Deixe um comentário

No sábado seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que é celebrada na segunda sexta-feira depois da solenidade de Corpus Christi, comemoramos, anualmente, a memória ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria. A devoção ao Imaculado Coração de Maria remonta aos inícios da Igreja, tendo em vista que as suas raízes são bíblicas e fazem parte da tradição da Igreja.

Nas Sagradas Escrituras, encontramos duas referências ao Coração Imaculado. No Evangelho segundo São Lucas, considerado o “pintor” da Virgem Maria, a primeira menção do Coração de Maria se dá depois do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo — quando Ela ouviu as palavras dos pastores a respeito do Menino divino: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19).

E a segunda se dá depois de Nossa Senhora e São José encontrarem o Menino Jesus no meio dos doutores no Templo de Jerusalém  — quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: “Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição”. Respondeu-lhes ele: “Por que me procurá­veis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?”. Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração (Lc 2, 48-51).

A festa do Imaculado Coração de Maria

A semente do Evangelho, plantada pelos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, germinou na doutrina dos Santos Padres, nos primeiros séculos da Igreja. Desenvolveu-se com os teólogos e místicos na Idade Média. Nos séculos seguintes, surgiram outros grandes devotos do Imaculado Coração de Maria. Como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes. Este último é considerado o maior apóstolo da devoção ao Imaculado Coração.

No ano de 1648, o Padre João Eudes obteve a aprovação da celebração da festa do Imaculado Coração de Maria, na diocese de Autun, França. A partir disso, a devoção tornou-se cada vez mais conhecida e a celebração da festa foi aprovada em várias dioceses.

No início do século XIX, a Santa Sé mostrou-se oficialmente favorável ao culto ao Imaculado Coração. Em 1805, o Papa Pio VII autorizou a celebração da festa para todas as dioceses e congregações religiosas. Em 1855, o Papa Pio IX aprovou a Santa Missa e o Ofício próprios do Imaculado Coração de Maria. No século XX, 8 de dezembro de 1942, na solenidade da Imaculada Conceição de Maria, o Papa Pio XII consagrou a Igreja e todo o gênero humano ao Imaculado Coração. Três anos depois, estendeu a festa do Imaculado Coração de Maria para toda a Igreja Católica.

A reparação ao Imaculado Coração da Virgem Maria

Nossa Senhora começou a revelar a devoção reparadora ao seu Imaculado Coração, a partir da sua segunda aparição em Fátima, Portugal, 13 de junho de 1917, aos três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. A Santíssima Virgem disse à Lúcia, a mais velha das três crianças: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”1. Logo depois de ouvir essas palavras, Maria apareceu aos pastorinhos com um coração na mão, todo cercado de espinhos. As três crianças compreenderam que aquele era o seu Imaculado Coração. Os espinhos e ofensas cometidas contra Ela precisavam de reparação.

Na aparição seguinte, 13 de julho, a Santíssima Virgem concedeu a Lúcia, Francisco e Jacinta uma visão do Inferno. Na qual os demônios e as almas dos condenados gritavam e gemiam de dor e desespero. Após conceder-lhes esta terrível e assustadora visão, a virgem Maria disse aos pastorinhos: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração”2.

Nas suas aparições em Fátima, Nossa Senhora não revelou como deveríamos reparar as ofensas ao seu Imaculado Coração. Mas, prometeu que voltaria para pedir esta devoção reparadora. No entanto, as três crianças foram ensinadas a oferecer orações. Especialmente o Santo Rosário (Terço), penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores.

A revelação a devoção reparadora

Somente depois de oito anos, 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra, Espanha, a Virgem Santíssima apareceu a Lúcia. Então, postulante na casa da Congregação de Santa Doroteia, hoje conhecida como Santuário das Aparições e local de peregrinação, revelou a devoção reparadora dos Cinco Primeiros Sábados do mês. Todavia, Lúcia hesitava em tornar pública a devoção reparadora. Após dois anos, em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia deu a conhecer as palavras da Virgem Maria a respeito da devoção reparadora ao seu Imaculado Coração:

“Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”3.

A devoção dos sábados em honra a Maria

A consagração dos sábados a Santíssima Virgem faz parte da tradição da Igreja. O fato de Maria pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados foi uma providencial confirmação dos Céus da antiga piedade mariana. O sábado como dia especialmente dedicado a Nossa Senhora é uma tradição que remonta, muito provavelmente, aos primórdios da Igreja. “A presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”4.

Apoiados nesta bela e piedosíssima tradição, os membros das confrarias do Rosário consagravam, todos os anos, quinze sábados consecutivos em honra a Virgem Maria. Durante esses sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do Santo Rosário. Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu, a todos os fiéis, uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”5.

A consagração dos Sábados e a devoção

O grande Papa São Pio X aprovou e encorajou a devoção dos Primeiros Sábados. Em 10 de Julho de 1905, o Papa Pio X indulgenciou a devoção mariana. Em 13 de Junho de 1912, o Pontífice concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no Primeiro Sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação”6.

Por desígnio da divina Providência, cinco anos depois, no dia 13 de Junho de 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração de Maria, vendo-o “cercado de espinhos que pareciam enterrados nele. (…) Depois desta visão, os Pastorinhos intuíram:] Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação”7.

Os termos usados pelo Papa São Pio X são quase os mesmos do pedido de Nossa Senhora à Irmã Lúcia. Principalmente, quando ressaltam “a extrema importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus”8.

Depois de conhecer um pouco mais sobre a consagração dos Sábados e a devoção ao Imaculado Coração, percebemos que, nas suas aparições em Fátima e Pontevedra, a Virgem Maria não é inovadora, e sim deu a nós uma confirmação do Céu a respeito da devoção mariana. Além disso, Nossa Senhora deu um novo impulso à devoção dos Primeiros Sábados. Unindo-a com a devoção ao seu Coração Imaculado.

Fonte: Canção Nova

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